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sábado, 31 de outubro de 2009

Reforma sim, Roma não!


Robinson Cavalcanti


O calendário do Livro de Oração Comum Brasileiro (LOCb) da Diocese do Recife – e da grande maioria das Igrejas evangélicas do nosso País – registra hoje a celebração do Dia da Reforma. Nesse ano em que comemoramos os 500 anos do nascimento de João Calvino, somos lembrados do fato de que a Reforma Protestante do Século XVI foi um dos mais importantes capítulos da História da Igreja, e que o 31 de outubro de 1517 foi um dos dias mais significativos desde o Pentecostes.

A comunidade protestante cada vez mais crescente da América Latina deve sua existência ao trabalho sacrificial de missionários, dos séculos XIX e XX, motivados pelas convicções e mensagem dos reformados. A denúncia e a ruptura dos “desvios, erros e superstições” da Cristandade, a afirmação da supremacia das Sagradas Escrituras, que todos devem ter a liberdade de ler, a recuperação da mensagem apostólica da salvação unicamente pela Graça recebida pela fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e o sacerdócio universal de todos os crentes, constituem um tesouro verdadeiro, valioso e inegociável.

A América Latina, por um lado, com uma Cristandade tradicional nominal e sincrética, é, por outro lado, um continente credal, e sua comunidade protestante, em quase sua totalidade, é ortodoxa, e continua a crer que os erros e desvios doutrinários dos ramos não-reformados da Igreja, no Oriente e no Ocidente, permanecem inaceitáveis. Compreendemos o sofrimento espiritual dos cristãos que vivem no espaço euro-ocidental marcado pela influência destruidora – espiritual e moral – do Liberalismo revisionista, e aos mesmos afirmamos a nossa solidariedade.

Em nosso continente o Liberalismo nos chegou, principalmente pela Igreja de Roma, via Teologia da Libertação. Das 600 mil pessoas que deixam a Igreja de Roma anualmente no Brasil, a grande maioria não se torna secular, ou adere a religiões não-cristãs, mas, pela experiência libertadora no novo nascimento, se converte a Cristo no contexto das Igrejas reformadas, tanto históricas quanto pentecostais.

Como anglicanos brasileiros, reivindicamos a memória o sangue dos mártires, como Cranmer, Latimer e Ridler, e a herança da paixão reformada missionária dos pioneiros nesse País, como nosso primeiro bispo Lucien Lee Kinsolving. A crise por que passa o Anglicanismo hoje não se solucionará com o retorno ao outro lado do rio Tibre, mas ao cruzar a ponte do rio Cam(bridge), aos apaixonados debates da Taverna do Cavalo Branco. Devemos nos tornar mais protestantes, e não menos. Reforma Sim, Roma Não! “Castelo Forte é o nosso Deus!”.


Fonte: Pavablog