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segunda-feira, 2 de junho de 2008

A IGREJA NÃO É DE ROMA


A IGREJA NÃO É DE ROMA
Josimar Salum

“Que fareis pois irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.” (I Cor. 14:26)

Desconhecemos a espontaneidade e a liberdade nas reuniões do Corpo de Cristo, com a participação ativa dos crentes e não de alguns poucos, porque não entendemos ainda o que significa Igreja. É preciso compreender: desfez-se a reunião, e o ajuntamento dissolveu-se, não existe mais igreja. Igreja é reunião, é ajuntamento, é assembléia.

“Mas chegastes ao monte de Sião e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial... à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus e a Deus... e a Jesus...” (Hb. 12:22-24).

O tempo exige espaço para prover sua limitação, para demarcar sua referência de um acontecimento. “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em Meu Nome, ai estou no meio deles.” (Mt. 18:20). Jesus manifesta Sua presença na temporalidade dos encontros humanos nesta igreja de dois ou três pararelamente reunindo-se eternamente naquela igreja (assembléia) de milhares de primogênitos.

Estavam todos reunidos no mesmo lugar (At. 1:2), era a igreja. Dizer que a igreja estava reunida é uma redundância. Era a comunidade de irmãos e irmãs que numa constante dinâmica de relacionamentos entre si e em comunhão com Deus aguardava o derramamento do Espírito Santo, que João Batista chamou de Batismo. (At. 1:5).

A igreja não é de Roma, são todos os que estão em Roma, amados de Deus, chamados santos. (Rom. 1:7). A igreja de Deus está em Corinto (I Co. 1:3; II Co. 1:1), quando se reúnem no Nome Jesus e Ele está no meio deles. São as igrejas da Galácia; em cada cidade ou vila se congregam e porque estão congregados naquele tempo determinante são igreja (Gl 1:2). São os santos que estão em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus (Éf. 1:1). São os que estão em Filipos (Fp 1:1) e em Colossos (Cl. 1:2). É a igreja dos tessalonicenses em Deus, não que pertença a eles, são eles mesmos quando estão reunidos, em assembléia (I Ts 1:1, II Tes. 2:1).

Dissociar IGREJA da ídeia de lugar definido, templo, denominação, prédio, edifício, “igreja” que continua sendo “igreja” mesmo quando não estão reunidos é exercício difícil do pensamento; tem-se que renunciar violentamente os axiomas e dogmas estabelecidos; tem que se desvencilhar e se desatar das tradições dos séculos protestantes e evangélicos; tem que ter coragem para romper com paradigmas cauterizantes e engessados de natureza puramente religiosa; tem que romper com sistemas hermenêuticos históricos que há muito roubaram os meios de se chegar até às Escrituras despreconceituosamente e tem que santificar-se, separar-se para a Verdade, pois é possível se libertar deste hibridismo – santo-profano – para entender por Revelação a discernir o Corpo de Cristo que definitivamente não está dividido.

Toda “igreja” tem um altar e um púlpito. O altar serve para uma classe sacerdotal exercer suas funções e o púlpito serve para discriminar os santos de Deus. “Mas vós sois a geração eleita, sacerdócio real (sacerdotes e reis), a nação santa, o povo adquirido para que anuncieis as virtudes daqueles que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” (I Pe. 2:9).

O rebanho de Deus reconhece que o Espírito Santo constituiu bispos que o apascenta, mas sendo resgatado com o próprio sangue de Deus (conforme Atos 20:28), tem acesso livre ao Altar nos céus que elimina categoricamente qualquer altar na terra. Existiram na terra até à crucificação de Jesus altares pagãos e altares para Deus, depois da Cruz de Jesus, o último altar de Deus na terra, todo altar na terra se tornou pagão. Jesus é o Altar Eterno de Deus e é somente Nele e através Dele que nos encontramos com Deus.

O púlpito sacraliza a voz do que fala em Nome de Deus. É somente para “os escolhidos.” Não é canal de todos os santos. Estes se silenciam para ouvir a voz do que fala. De fato, o púlpito roubou a liberdade dos santos de edificarem uns aos outros, porque se um somente edifica o culto não é do Corpo, mas do pastor ou daqueles que falam ou ministram. O púlpito atrai para si o referencial do próposito essencial da igreja em relação a nós, que os santos se reúnem para edificar uns aos outros. O apêndice tornou-se o destaque e aniquilou a função do corpo.

A figura do pastor-regente é exigência do programa, projeto escrito e minucioso, que dá a conhecer os pormenores de um espectáculo. Leituras, período de louvor, avisos, coleta, pregação, com algumas variantes, todo domingo é o mesmo. Os shows evangélicos moderninzaram o culto e o sofisticou. Mas continua sendo o sistema de palco e platéia, espetáculo e pláteia, figura do Panteão grego. E os deuses se multiplicam.

Se somos santos de Deus e entendemos as coisas do Espírito, não seria o caso de percebermos que o tipo de culto que temos é o mesmo praticado a 500 anos? Não seria o caso de voltarmos para o Novo Testamento e examinarmos as Escrituras para comprovar se estas coisas eram assim? (At. 17:11)

É preciso restaurar o culto às Igrejas, onde irmãos e irmãs edificam-se uns aos outros com o que Deus lhes deu, numa comunhão perene de gente que não segue um programa, não requer um animador para conduzí-los e que dispensa estrelismos. O que passar disto é entretenimento. Por melhor e até edificante que seja é outra coisa, não chame de igreja, à Luz da Biblia não pode ser e definitivamente não é.

Igreja: “onde estiverem dois ou três reunidos em Meu Nome, ai estou no meio deles.” (Mt. 18:20).

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