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sábado, 9 de agosto de 2008

Adoração na igreja evangélica conteporânea


Adoração na igreja evangélica contemporânea!

Osmar Ludovico da Silva









Há dois tipos de música, a boa e a ruim — seja ela erudita, MPB, sertaneja, reggae, rap, rock ou gospel. O que me surpreende é a capacidade de o mercado absorver a música ruim. Com a proliferação de compositores, intérpretes, bandas e gravadoras, o cenário evangélico não poderia ser diferente. Tem música boa, mas também tem muita música ruim.



Passamos séculos louvando a Deus com hinos históricos da Reforma. Bastava um hinário, e tínhamos músicas com letras densas, boa teologia e linha melódica harmoniosa. Nos últimos anos surgiu o que chamamos de louvorzão. Jogamos fora os hinários, a liturgia, aposentamos o piano e o coral e introduzimos a guitarra, a bateria, o data-show, as coreografias e a aeróbica. Surgiu também a figura do dirigente de louvor, responsável por animar a congregação. Daí para a frente há muito barulho, muitas palmas, muitas mãos levantadas, muitos abraços, muitas caretas e cenho franzido. Mas a pergunta que fica é: temos adoração?




O lado positivo do louvorzão é o interesse e a integração na igreja de milhares de jovens. Trata-se de uma oportunidade única para ensinar estes jovens, através do exemplo e da Palavra, o caminho do discipulado de Cristo. Mas fica a pergunta: estarão estes jovens crescendo na santidade e no serviço? Alguns cultos se tornaram verdadeiras produções dignas da Broadway. Músicos profissionais, cenários, bailarinos e iluminação. Mas fica uma pergunta: toda esta parafernália cênica tem levado o povo de Deus a uma genuína adoração?




A história da Igreja é rica em manifestações artísticas. Ao longo do tempo o louvor foi expresso através de várias expressões musicais. O canto gregoriano, o barroco, os hinos da Reforma, o negro espiritual e os cânticos contemporâneos deixaram sua contribuição à boa música ao longo destes últimos séculos.Trata-se, portanto, de um equívoco jogar fora toda a herança histórica e achar que esta geração descobriu a forma certa de louvar. Se olharmos do ponto de vista musical veremos que a história nos legou uma herança preciosa. Na cultura gospel do louvorzão tem muita música ruim, muita letra questionável e muito dirigente de louvor que mais parece um animador de auditório.




A igreja pode ser a ponte entre as gerações, entre o antigo e o novo e integrar na adoração tudo o que há de bom na sua herança histórica. Tem muita gente cansada do louvorzão barulhento de letras rasas, de bandas que tocam no último volume, de coreografias esvoaçantes e de ordens do dirigente para abraçar o irmão da frente, de trás e do lado dizendo que o amamos. É constrangedor abraçar alguém e dizer que o amamos quando nem sequer o conhecemos. A igreja perde quando a ênfase do louvor se desloca da congregação para o palco. Com raras exceções a música é ruim, a letra não tem nada a ver com a realidade do cotidiano ou a teologia reformada e a performance no palco é apelativa.




A igreja perde quando se torna parecida com um programa de auditório e já não cultiva a boa música com cordas, sopros, bons arranjos, corais, quartetos. E perde muito mais quando a adoração se torna um evento estimulado sensorialmente e não uma melodia que emerge de um coração quebrantado e temente a Deus. Adoração é sempre uma resposta humilde, alegre, reverente àquilo que Deus é e faz. Adoramos porque algo aconteceu, algo nos foi revelado, e não o contrário, como pensam alguns, que recebemos a revelação e as coisas acontecem porque adoramos. A igreja perde quando não há reverência ou temor. O que resta é euforia, excitação e sensações prazerosas. O que é bom em si mesmo, mas não é necessariamente adoração. É um equívoco pensar que Deus se impressiona com nossos cultos de domingo. Antes, ele acolhe muito mais nossos gestos simples do cotidiano, fruto de um coração humilde e quebrantado, que busca se desprender de ambições e serve ao próximo com alegria.




Adoração não é um evento domingueiro bem produzido, mas um estilo de vida que glorifica ao Senhor. Durante séculos a arquitetura das igrejas e das catedrais destinou o balcão posterior ao coro, ao órgão e à orquestra. Na igreja da Reforma os músicos e o coro se posicionavam na parte da frente da nave, mas sempre ao lado. Mesmo o púlpito não estava no centro, mas ao lado. No centro havia, quando muito, alguns símbolos da fé, que ajudam a despertar a consciência para a experiência do sagrado, com destaque para a mesa do Senhor.




A congregação ficava em face ao altar de Deus, sem que nada se interpusesse entre a Santa Presença e a congregação. Este lugar só pode ser ocupado por Jesus Cristo. Ele é o único mediador, ele é o único que pode dirigir o louvor. Hoje o que se vê é o apóstolo, o bispo, o pastor, o dirigente de louvor e a banda ocupando este lugar, nos levando de volta à Antiga Aliança, quando sacerdotes e levitas eram mediadores entre Deus e os homens.




A conseqüência é uma geração de crentes que dependem de homens, coreografias e data-shows para adorar e para ouvir a voz de Deus.O verdadeiro pastoreio consiste em ajudar homens e mulheres a dependerem do Espírito Santo para seguirem a Cristo, que os leva ao seio do Pai. Ajudar homens e mulheres a crescerem e amadurecerem na fé, na esperança e no amor, integrando adoração, oração e leitura das Escrituras no seu cotidiano.A contextualização se tornou uma armadilha na qual a igreja caiu. Na tentativa de se identificar com o mundo ela ficou cada vez mais parecida com ele. A cultura gospel é autocentrada, materialista, acha-se dona da verdade, tornou-se uma religião que nos faz prosperar, que não nos pede para renunciar a nada e que resolve todos os nossos problemas.




Há um abismo colossal entre a cultura gospel e o evangelho de Jesus Cristo, que nos chama a amar sacrificalmente o nosso próximo, a cultivar um estilo de vida simples, a integrar o sofrimento na experiência existencial e a ter a humildade de ser um eterno aprendiz.



terça-feira, 22 de julho de 2008


APOCALIPSE NOW
Juber Donizete Gonçalves



O livro do Apocalipse sempre me interessou. Me lembro que aos 13 anos, recém-convertido, li o livro de Lawrence Olson, "O Alianhamento dos Planetas". Houve entre alguns, o pensamento que Cristo poderia voltar naquele ano de 1982, quando estaria ocorrendo o fenômeno. Mas o alinhamento dos planetas aconteceu, e Jesus não voltou. Entre 1985 a 1987, houve um frenesi de alguns pregadores, no meio evangélico, dizendo que o Segundo Advento ocorreria em 1988. Naquele ano, Israel faria 40 como nação. Justificavam a teoria, dizendo que na Bíblia uma geração era de 40 anos, e usavam a frase de Jesus "Não passará esta geração". Mas, 1988 chegou e nada aconteceu. Depois, na passagem para o ano 2000, ocorreu a mesma coisa. Só que, às vezes o pessoal esquece que, ninguém é secretário da Santíssima Trindade, para saber o dia da vinda do Senhor. Jesus disse que "acerca daquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos, nem o Filho, mas o unicamente o Pai". Somos instruídos nos Evangelhos, para olhar para os "sinais dos tempos" e não datas específicas. Sei que, quando se fala em escatologia (doutrina das últimas coisas), existe várias linhas de pensamento no meio cristão sobre o assunto. Mas, não é meu propósito aqui, ficar debatendo: amilenismo, pré-tribulacionismo, pré e pós-milenismo e etc. Eu fico vendo essas discussões intermináveis dos "teólogos", sobre quem vai ser o anticristo, se o arrebatamento é antes, durante ou depois da grande tribulação, se o milênio é literal ou não, e por aí vai. Gente! Como se diz no popular: "o mundo tá acabando e será que ninguém percebe?". Parece o filme Titanic, quando o navio estava afundando e um cara estava louco da vida, querendo pegar o DiCaprio, porque estava com a noiva dele. Enquanto isso, o capitão do navio, tomava o seu chá na sua hora britânica. Outros, naquele momento terrível, ainda querendo tirar proveito das pessoas, para ceder lugares nos botes salva-vidas, que eram poucos. A palavra crise é muito comum nesses dias: crise americana, crise energética e agora fala-se na crise de alimentos. Li o comentário da economista Míriam Leitão, no jornal "O Globo", em que ela diz que, os líderes mundiais estão batendo cabeça para saber o que fazer. Ao mesmo tempo, em que há um aquecimento global no clima, há um esfriamento do amor nos corações dos humanos. O Apocalipse está sendo aberto diante de nós, e muitos ainda não se deram conta disso. Os profetas hoje, são os cientistas, jornalistas, ecologistas. As pedras estão clamando. É hora, de ler e aplicar o Evangelho para a vida e não ficar em discussões intermináveis, que não levam a lugar nenhum. Eu não sei quando será a volta de Jesus, mas sei que ele vem. Não vou ficar discutindo, se o arrebatamento é antes, durante ou depois de algum evento. Só sei, que quando acontecer, eu subo. Meu bilhete já está pago, e o Comandante já avisou que, ele mesmo vai chamar os passageiros. A vinda de Jesus, não pode ser vista como um filme de terror, porque na verdade, ela é a esperança da Igreja. Diz o apóstolo Pedro: "Nós segundo a sua promessa aguardamos novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça". E ainda, o apóstolo Paulo: "Consolai-vos uns aos outros com estas palavras".


Veja com a lupa do Evangelho







Edemir Antunes Filho


Eu sou cristão, mas isso não inibe meus ímpetos de pesquisador e aventureiro. Esta última condição me levou a conhecer muitos guetos curiosos no meio “cristão”. Fui a cultos patrocinados pela ala conservadora, tradicional, ortodoxa, evangelical, liberal, carismática, ecumênica, católica, católica-carismática, pentecostal, neopentecostal e pós-pentecostal. Participei de reuniões de crianças, juvenis, jovens, adultos, casais, universitários, homens/mulheres de negócio, negros/as, indígenas, capitalistas de "Cristo", socialistas de "Cristo", sem-teto, cristãos/ãs alternativos/as, punks, metaleiros/as, góticos/as, skatistas, surfistas, sem-terra, judeus messiânicos, elites e excluídos/as de Jesus. Até aqui eu não fugi muito daquilo que é convencional.

Pois bem, experimentei as sextas-feiras da libertação, reuniões das células, noites da unção (do riso, do choro, do grito, do índio, do salto, do grude, do sapato de fogo, do “ei”, do suco, do dente de ouro, do sopro, da dança dos anjos, da lagartixa, dos quatro seres viventes, do piolho etc.), encontrão, encontros com Deus, fogueirinhas, noites da cura divina, vigílias, cultos no monte, convenção para quebra de maldições, encontros de regressão ao ventre materno, retiro espiritual durante três e sete dias, aulas de línguas estranhas, cultos da fogueira, rejeição de pactos demoníacos, cultos para receber o Batismo do Espírito Santo, ministração de técnicas para um louvor que dê resultados eficazes, noite de intercessão pelas cédulas de identidade, roupas e fotos de familiares, encontros para encontrar a cara-metade, campanhas para obter emprego, casamento, livramento, união familiar, jejuns (dias inteiros, meio dia, uma refeição, e jejuns de televisão, namoro, brincadeiras e esportes), votos de submissão, curas espirituais, marchas, reivindicação espiritual de localidades para Jesus, entre outras coisas que eu não consigo me lembrar.

Muitas destas “excentricidades” foram pagas por mim, porém durante um bom tempo (até 1997) quem patrocinava as minhas estripulias espirituais eram meus pais... É cada uma que a gente faz... Em meio a todos estes cultos, reuniões e experiências, apesar da sinceridade de tantos/as, algumas vezes eu me perguntei: Em qual lugar esconderam o Evangelho? Por que Jesus não está presente? O que fizeram com o Espírito Santo? A qual “deus” estão se referindo? Aquele que tem a sua vida radicalmente transformada por Jesus Cristo faz perguntas como estas... mas, nem sempre obtém as respostas. A vida de Cristo deve nos ajudar a filtrar tudo aquilo que lemos, ouvimos e experimentamos. Quem tem a lupa do Evangelho veja...

Graça, paz e bem!






segunda-feira, 21 de julho de 2008

No Country for old men


No Country for old men
Ricardo Gondim

Dei a este texto o título em inglês de propósito. Quero comentar o filme “Onde os Fracos Não Têm Vez”, ganhador do Oscar 2008, produzido pelos irmãos Coen. Como não gostei da tradução, preferi o título original, que descreve melhor a trama dessa produção americana.

Confesso que não gostei quando assisti ao filme. Saí do cinema com a sensação de que vira mais uma apologia de violência, parecida com tantas outras produções hollywoodianas, exageradas nas cenas explícitas de morte e de vingança. Porém, com o passar do tempo, quanto mais medito no filme, mais percebo sua mensagem metafórica.

O enredo é simples. Um acerto de contas entre traficantes num canto escondido do Texas promove uma chacina em que todos morrem. Pela mala de dólares que sobrou, começa uma nova caça de gatos e ratos, envolvendo polícia, traficantes, mexicanos e pessoas comuns. Um xerife prestes a se aposentar, portanto, um “old man”, se vê obrigado a trabalhar no caso, mas seu cansaço é notório. Sem pique diante da maldade, o xerife se revela uma figura tão amargurada que em determinado momento desabafa: “Eu sempre achei que quando ficasse velho Deus entraria em minha vida de alguma forma. Mas ele não o fez. Eu não o culpo. Se eu fosse ele teria a mesma opinião sobre mim que ele tem”. O xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones) simplesmente não tem mais forças para enfrentar a maldade que se mostra encarnada, renitente, perene.

Lembrei-me de que o xerife do filme representa todos os que lutam pelo bem e se sentem impotentes diante do avanço da maldade. A luta da polícia, dos investigadores, dos promotores é sem fim. Todo instante alguém tenta fazer o mal. Parece inesgotável a capacidade humana de inventar, imaginar, perversidades. Pedófilos se multiplicam e usam a internet para seduzir crianças. Traficantes se organizam em cartéis. Servidores públicos desviam verbas destinadas à compra de ambulâncias e merenda escolar. Recentemente, o mundo se horrorizou com um pai que por décadas escravizou e abusou sexualmente da própria filha.

As organizações que advogam o direito das crianças, os ecologistas que defendem o meio ambiente, os juízes, os filantropos, os políticos do bem e o clero, semelhantes ao xerife, por mais que batalhem, acabam com a sensação de nunca terem sucesso algum.

Quase diariamente lido com pastores evangélicos esgotados. A luta deles também parece inglória e seus esforços, pífios. Diante da avalanche de maldade que se avoluma, com recursos financeiros minguados e com dificuldade para mobilizar as pessoas para o trabalho voluntário, eles se unem aos outros que se sentem deprimidos.

Não me atrevo, de forma simplista, a resolver esses dilemas. Minha intuição, entretanto, me diz que há caminhos alternativos que podem suavizar a desesperança que se espalhou.

É possível abandonar a lógica dos grandes projetos, das megalomanias, dos messianismos. As antigas propostas globais de mudança precisam ser redimensionadas para pequenas iniciativas. Antes de querer mudar o planeta, devemos cuidar dos quintais. Para enfrentar o aquecimento global, precisamos mudar hábitos cotidianos, como poupar água com banhos rápidos, não abusar do automóvel e, sempre que possível, usar transporte público e até bicicleta. Na política, participar dos conselhos de bairro, envolver-se no chamado terceiro setor e nas pequenas ações de desenvolvimento comunitário.

Há uma historinha interessante, bastante conhecida. Um homem caminhava e ao mesmo tempo devolvia para o mar peixes que a maré baixa deixara agonizando na praia. Alguém o repreendeu ao afirmar que seu esforço era inútil e tolo; não faria a menor diferença salvar tão poucos peixes. Ao que respondeu: “Realmente; mas para os que se salvaram fiz toda a diferença do mundo”. Oskar Schindler não acabou com o holocausto, mas fez toda a diferença para aqueles que resgatou dos fornos crematórios; Martin Luther King não viu o fim do racismo, mas deu dignidade para os que se inspiraram em sua vida e morte; Madre Teresa de Calcutá não resolveu a miséria da Índia, mas todos que morreram em sua clínica se sentiram amados.

O antídoto para o desânimo pós-moderno é concentrar os esforços nas pessoas e não nos empreendimentos. Os projetos devem servir homens e mulheres, nunca o contrário. As pessoas não podem ser consumidas no fortalecimento das instituições. No caso das igrejas, nenhuma programação, nenhum evento, podem tornar-se um fim em si mesmos. Eles estão a serviço dos indivíduos e só adquirem sentido quando promovem a vida.

Jesus de Nazaré amou pessoas, viveu numa pequena vila e não diluiu seus esforços com megaeventos. Ele se deu integralmente a doze homens, acolheu os excluídos e nunca se impressionou com o aceno do estrelato. Sua morte transformou-se no mais contundente triunfo. Assim, antes de terminarmos os dias desiludidos, cínicos, sem alma; antes de nos sentirmos derrotados pelo constante avanço da maldade e onipresente perversidade humana, todos precisamos aprender a nos contentar com atos singelos, com iniciativas despretensiosas, com feitos simples.

“Soli Deo Gloria”.

Fonte: http://indoaoalvo.blogspot.com/

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Sobre Musica do "Mundo"




*Sobre música do "mundo"
Braulia Ribeiro


Sobre música do mundo, e música do (sub, sobre, extra, fora, ex, pàra, outro??) mundo

Conheci pessoalmente o Don Richardson, missionário na Papua Nova Guiné, autor do best seller "O Totem da Paz”, amigo, homem humilde e que honra o trabalho que nós brasileiros fazemos entre os índios do Brasil. Numa entrevista particular uma vez, meu marido lhe perguntou: Se voce tivesse de começar de novo, o que faria de diferente no seu ministério entre os sawis? Uma pergunta delicada, na verdade um eufemismo para: - "qual foi o grande erro que você cometeu e que não repetiria se tivesse uma nova oportunidade?”

Ele pensou, pensou, o que é um bom sinal, para um homem com um ministério tão bem sucedido, conhecido mundialmente, deve ser difícil lembrar de algum erro... E finalmente disse: - Duas coisas; primeiro eu não teria traduzido corinhos da igreja Indonésia para a igreja Sawi, e o segundo teria usado dramas ao invés de pregação falada para ensinar o evangelho...

Pode parecer pouco para os não iniciados, mas para nós antropo-etno-linguo-teo-missionários foi a admissão de um grande erro. Ele estava dizendo que teria introduzido o evangelho numa forma cultural sawi e não na forma estrangeira... A maneira de cultuar, a maneira de pregar usada pelos sawis que são quase que 70% cristãos, é estrangeira, eles louvam indonesiamente, talvez até saibam cantar: ...”sim Deus é bom”... na sua própria língua.

Vamos sempre em cultos missionários, tristes a meu ver, quando se canta “yes God is good, sim Deus é bom, Deuso jahaki ada”, e por aí afora em muitas línguas, com uma alegria burra, crendo-se que o grande propósito de Deus para o universo humano é formar na terra uma imensa e uniforme igreja evangélica.

O erro que Don cometeu, também cometeram os que primeiro nos pregaram o evangelho, e também continuamos cometendo nós líderes cristãos do Brasil de hoje. No último encontro nacional de JOCUM que se crê vanguarda e as vezes é mesmo vanguarda em alguns aspectos, na frente de quase mil jovens, liderarando uma reunião pedi que a equipe de louvor tocasse “Velha Infância” dos Tribalistas para louvarmos a Deus com intimidade. Minha sorte foi que muitos dos líderes presentes não souberam que fui eu que encomendei a música, (acho que vão ficar sabendo agora), senão provavelmente eu teria sido proscrita da função de presidente nacional poucas horas depois de ter assumido. Ao mesmo tempo que a música trouxe um espírito doce e especialmente terno para toda a platéia, encheu a boca e o coração dos jovens presentes de alegria, a casa caiu depois para o líder de louvor, e ele teve que enfrentar muitas caras feias até o último dia...

Gosto de tocar “Um índio” de Caetano Veloso quando prego em congressos, e Maria Maria, do Milton que considero músicas essenciais no entendimento de nossa identidade brasileira. Infelizmente nosso Jesus evangélico não é brasileiro. Ele é internacional, e por internacional leia-se americano-europeu do norte. Este Jesus fala inglês, louva medievalmente para algumas denominações e hosana-music-vineyard-mente para outras. Mas como um religioso fariseu, coloca-se sempre à parte da cultura, acima dela, desprezando-a completamente ao invés de restaurá-la, redimí-la, legitimá-la, comunicando-se com ela. Este Jesus fariseu-evangélico ora pelas praças usando shofares (o que é isto?) se proclamando santo e desprezando tudo e todos ao seu redor. Fala num jargão de gueto cultural, e se comunica apenas com seus “iniciados” e sua mensagem é obsoleta e irrelevante para a população em geral.

Um dia numa conferência ouvi um pastor repreender em nome de Jesus “a cultura africana de nosso meio”. Coisa triste. Não me admira que na Bahia cresça tanto o número de negros que buscam sua legitimação étnica no Candomblé. Formas culturais, danças, músicas ritmos, não são pecadoras ou santas em sua essência. São formas, vasilhas, caixas na qual se depositam as bençãos de Deus, ou maldições... Na mesma conferência me deram vinte minutos para dizer algo, e num acesso de loucura pintei a cara de índia e disse que ainda veria o mesmo povo louvando ao som de centenas de tambores baianos numa timbalada poderosa e santa. Queixos se deslocaram do lugar, cabelos se arrepiaram de horror, mas inúmeras pessoas se sentiram “misteriosamente” livres para amarem quem são, suas músicas, suas danças, curtirem MPB e dançarem danças africanas em homenagem ao Deus que criou todos os povos.

Baby do Brasil numa conferência em Abril me disse que viu, pentescostalmente falando, o Espírito de Deus de maneira maravilhosa ungir a música “Brasileirinho” e centenas de pastores do G12 dançarem enlouquecidos ao som do chorinho símbolo do Brasil... É o fim dos tempos? Além de G12-mente “heréticos” estes pastores agora também se “secularizaram” de maneira perigosa? Ou será que a revelação de que Deus nos ama a nós brasileiros como somos em todas as nossas manifestações culturais, está chegando até os segmentos mais radicais do evangelho no Brasil?

Fico com a última opção. Deus é amor, não é fariseu, exclusivista, preconceituoso, racista. E além de tudo, só nós ainda não sabemos, Deus é brasileiro.

Bráulia Ribeiro






quinta-feira, 17 de julho de 2008

Islamismo, Cristianismo e Ramadã


Islamismo, Cristianismo e Ramadã



Na grande campanha de relações públicas entre as religiões da América, alguns líderes nos dizem que todos adoramos o mesmo Deus. Os cristãos podem ser enganados, mas os muçulmanos não.
Eles não crêem que nossos caminhos levem ao mesmo Deus. É importante saber o significado de duas palavras árabes usadas no Alcorão. A primeira delas, "kaffara", é o verbo raiz da palavra "koffar", que significa os infiéis ou aqueles "que não crêem no islã; embora o texto árabe utilize a palavra "kuffar", e o tradutor a tenha traduzido como descrentes". Esta é uma tradução enganosa. O tradutor não quer que os ocidentais entendam que o Alcorão os descreve como infiéis, simplesmente porque não são muçulmanos.

A segunda palavra é "mushrekeen", que significa aqueles que não adoram Alá ou aqueles que adoram mais de um deus. Isto inclui os cristãos e os pagãos. O Alcorão foi escrito em árabe. As traduções para as línguas ocidentais, inclusive o português, foi diluída, alterando o significado de muitas palavras do Alcorão para adequá-las à mentalidade ocidental. O Alcorão usa as duas palavras mencionadas acima para descrever cristãos e não-cristãos que não sejam muçulmanos.

O islamismo ensina o seguinte:

1. "Para Deus, a religião é o Islã" (Sura* 3:19).

2. Os infiéis e rejeitadores da fé são aqueles que não obedecem a Deus (Alá) e seu profeta Maomé. "Dize: Obedecei a Deus e ao Mensageiro (Maomé). Se se afastarem, Deus não ama os descrentes (koffar)" (Sura 3:32).

3. Os crentes (somente aqueles que são muçulmanos, porque a única religião para Deus é o islamismo, conforme definido no ponto 1) não podem ter descrentes (cristãos e judeus) como amigos ou ajudantes. "Que os crentes não tomem por companheiros os descrentes (koffar) em detrimento dos crentes. Quem o fizer não é de Deus (Alá)..." (Sura 3:28). Outras traduções dizem que os descrentes (não--muçulmanos) não pertencem a Deus.

4. Alá ordenou a Maomé e seus discípulos que combatessem os (koffar) descrentes no Islã. "Dos adeptos do Livro (judeus e cristãos), combatei os que não crêem em Deus (Alá) nem no último dia... e não seguem a verdadeira religião (islamismo)" (Sura 9:29).

5. Os não-muçulmanos são impuros. Eles não têm permissão para visitar Meca e a Mesquita Sagrada: "Ó vós que credes, os idólatras "mushrekeen" (não--muçulmanos) são realmente impuros. Que não se aproximem da Mesquita Sagrada após o fim deste ano..." (Sura 9:28). Atualmente, nenhum cristão pode visitar Meca. A Arábia Saudita fez um grande contorno rodoviário ao redor de Meca para os cristãos que tenham que passar por Meca em viagem para outros lugares. Osama Bin Laden começou a sua guerra com os EUA, por que os descrentes (cristãos) foram à Arábia Saudita, manchando a terra santa do profeta Maomé.

6. O Alcorão afirma muito claramente que "koffar" são aqueles que dizem que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Na Sura 5:72, nós lemos: "São descrentes (kaffara) aqueles que dizem que 'Deus é o Messias, o filho de Maria...' Quem atribuir associados a Alá, Alá lhe proibirá o Paraíso e lhe dará o Fogo por morada. Os iníquos não terão quem os ajude".

7. Lemos ainda na Sura 5:73: "São descrentes (kaffara) aqueles que dizem que Deus (Alá) é o terceiro de três. Não há Deus senão o Deus único (Alá). E se não desistirem do que dizem, um castigo doloroso os (aos koffar) açoitará".

O Alcorão considera os cristãos como pessoas que descrêem e que adoram mais de um deus ("kaffara" e "mushrekeen"), apesar de em outras suras, Maomé tentar dizer coisas agradáveis a respeito dos cristãos, a fim de atraí-los para o seu lado, chamando-os de "o povo do Livro." Ele até disse a eles: "Nosso Deus (Alá) e vosso Deus (Alá) é o mesmo" (Sura 29:46).

Quando Maomé não conseguiu formar a sua própria marca de religião, ele rejeitou o povo do livro. Quando se mudou de Meca para Medina, ele mudou de atitude. Essa tremenda contradição apresenta um contraste tipo "O Médico e o Monstro" nessas duas passagens do Alcorão.

Como descrentes, os cristãos se transformaram em alvos de Maomé e seus discípulos. Essa é a razão por que na Sura 8:39 Maomé pede que seus discípulos os ataquem e os matem sempre que os encontrarem.

No fim, o próprio Maomé comandou mais de 20 campanhas para matar não-muçulmanos, e o Islã conquistou pela espada e pela escravidão física toda a África do Norte e grande parte da Europa.

Perguntas sobre o Islamismo

Como o islamismo está hoje ganhando cada vez mais espaço nas manchetes da mídia secular e cristã, eu gostaria de dar uma olhada em algumas perguntas bastante freqüentes sobre o islamismo.

Os cristãos e os muçulmanos cultuam o mesmo Deus?

Quando você tenta conversar com qualquer muçulmano sobre os fatos do islamismo, quase com certeza ele dizer a você que nós cultuamos o mesmo Deus, mas usando diferentes nomes e maneiras. Infelizmente, muitos cristãos, especialmente no ocidente, acreditam nisso. Mas, a verdade é que de fato nós não cultuamos o mesmo Deus. Permita-me explicar-lhe esta verdade com mais detalhes.

O Alá do islamismo não é o Pai. Ninguém ousa ter um relacionamento pessoal com ele, falar com ele, e amá-lo, como mencionei em meu artigo de outubro. Mas, Jesus ensinou a orar ao "Pai nosso que está no céu" (Mt 6:9).

· Alá não é o Filho. Para um muçulmano não existe a necessidade da Trindade porque Deus pode ordenar a qualquer coisa que seja e ela será (Sura 4:171, 5:73, 5:116). Os muçulmanos acreditam ainda que Jesus foi criado do pó exatamente como Adão (Sura 3:59).

· Alá não é o Espírito Santo. O Espírito Santo no Alcorão é o anjo Gabriel.

· Alá não é amor. O amor não é mencionado entre os 99 nomes mais bonitos de Alá.

· Alá pede aos anjos que adorem Adão (Sura 2:31-34).

· Alá não quer redimir o ser humano, mas insiste em encher o inferno com todos eles. Ninguém vai escapar dele para sempre (Sura 15:43,44).

· Alá permite jurar (Sura 89:1-5, 91:1-9, 95:1-4).

Há muitas outras diferenças entre Alá e o nosso Pai celestial. Queridos cristãos, os muçulmanos precisam de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

O Islamismo Já Existia Antes de Maomé?

Antes de podermos responder a esta pergunta, precisamos primeiro dar uma olhada nas definições de islamismo e muçulmano. Islamismo é uma palavra árabe que originalmente se referia a um atributo de masculinidade e descrevia alguém que tivesse agido com heroísmo e bravura na batalha. Segundo o Dr. M. Bravmann em sua obra The Spiritual Background of Early Islam (Histórico Espiritual do Islamismo dos Primeiros Dias), islamismo é "um conceito secular, denotando uma virtude sublime aos olhos do árabe primitivo; desafio à morte, heroísmo; morrer na batalha".

Nos dias de Maomé, um muçulmano era alguém que lutava com outra pessoa e a dominava. Hoje, muçulmano é alguém que se submete a Alá e islamismo significa submissão a Alá.

Portanto, a resposta à pergunta é sim; de acordo com estas definições, o islamismo já existia.

O nome Alá já existia antes de Maomé?

Apesar do muçulmano, na média, crer que o islamismo, Alá e o Alcorão são conceitos revelados do céu a Maomé, através do anjo Gabriel, a resposta é sim. O islamismo, Alá e grande parte do Alcorão já existiam antes de Maomé. O pai de Maomé chamava-se Abed Alá, que significa "escravo de Alá".

A Enciclopédia do Islamismo nos fala que os árabes pré-islâmicos conheciam Alá como uma das divindades de Meca. Também já existia em Meca a pedra negra, por causa da qual as pessoas peregrinavam para Meca. Os peregrinos beijavam a pedra, prestando culto a Alá por meio dela. Segundo a Enciclopédia Chamber's, "a comunidade onde Maomé foi criado era pagã, com diferentes localidades que tinham os seus próprios deuses, freqüentemente representados por pedras. Em muitos lugares haviam santuários para onde eram feitas peregrinações. Meca possuía um dos mais importantes, a Kaaba, onde foi colocada a pedra negra, há muito tempo um objeto de adoração.

Quem era Alá nos dias de Maomé?

Alá era o deus lua. Até hoje os muçulmanos usam a forma do quarto crescente sobre as suas mesquitas. Nenhum muçulmano consegue dar uma boa explicação para isso. Na Arábia havia uma deusa feminina que era a deusa sol e um deus masculino que era o deus lua. Diz-se que eles se casaram e deram à luz três deusas chamadas "as filhas de Alá", cujos nomes eram Al Lat, Al Uzza e Manat. Alá, suas filhas e a deusa sol eram conhecidos como os deuses supremos. Alá, Allat, Al Oza e Akhbar eram alguns dos deuses pagãos.

No chamado muçulmano para a oração, os muezzin clamam "Allah u Akbar", que significa Alá e Akbar. Os muçulmanos afirmam que não estão orando a Alá e Akbar, mas dizendo "Alá é grande".

No começo, Maomé deixava os seus seguidores prestarem culto a Alá, o altíssimo, e pedirem a intercessão de Allat e Al Oza e Mannat. Depois que conseguiu se tornar militarmente forte e bem armado, ele lhes ordenou que somente a Alá prestassem culto.

Quais são os Pilares do Islamismo?

Os muçulmanos vivem a sua fé de acordo com seis "pilares".

1. Recitar os dois credos: "Não há outro deus além de Alá e Maomé é o mensageiro de Alá." A simples declaração desta sentença é suficiente para alguém se tornar muçulmano e garantir a sua entrada no paraíso depois da morte, apesar de que todo mundo precisa primeiro ir para o inferno.

2. Orações: Eles precisam orar cinco vezes por dia, mas primeiro precisam passar pelo ritual da lavagem, se não Alá não ouvirá as suas orações.

3. Dar esmolas aos pobres (Zakat): Eles têm de dar dinheiro aos pobres, para o estado islâmico, para as mesquitas, etc.

4. Jejum: Especialmente importante durante o mês do Ramadan, que ocorre em torno da segunda semana de janeiro à segunda semana de fevereiro. Estas datas variam devido ao calendário islâmico.

5. El Haj: É a peregrinação a Meca para os que podem. A pessoa que completar a jornada passa a ser um haji.

6. Jihad: A maioria dos estudiosos muçulmanos considera o Jihad (que significa "guerra santa", ou lutar contra os não muçulmanos) o sexto pilar.

Queridos irmãos e irmãs, insisto para que orem para que Jesus Cristo possa manifestar-se aos muçulmanos e para que eles dobrem os joelhos para o nosso Pai celestial, "que deseja que todos os homens sejam salvos cheguem ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2:4).

Não há dúvidas de que todo mundo gostaria de ter certeza de para onde vai depois da morte, mesmo que não creia na eternidade. Em Jesus Cristo, temos esta certeza (Jo 3:16). Na Bíblia, Jesus deu uma descrição bem clara do céu e do inferno, quem vai para lá, por quê alguns irão para o inferno e outros para o céu, e o desejo de Deus de que todo homem e mulher vão para o céu (1 Tm 2:3,4). Mas, e o que diz o islamismo?

A Descrição do Inferno no Islamismo

No islamismo, o inferno é um lugar de fogo e tormento. Alá preparou-o para ser enchido com os Jinni (maus espíritos) e seres humanos, e ninguém vai escapar. Foi criado tanto para os injustos como para os justos. No Alcorão, no Sura (um capítulo do alcorão) Al Hijr 15.43,44, "o Gehenna [inferno] será a terra prometida de todos eles. Sete portões ele tem, e em cada portão uma porção destinada a eles". Também lemos no Sura Maryam 19.71: "Nenhum de vocês lá está, mas vai descer até ele [inferno], pois para o vosso Senhor é uma coisa decretada, determinada. Então, libertaremos aqueles que temiam a Deus".

Ali Ibn Abi Talib (o terceiro Califa) certa vez perguntou: "Você sabe com o que se parecem os portões do Gehenna?" Então ele pôs uma mão sobre a outra indicando que há sete portões, um em cima do outro, Al Baidawi (um comentarista) disse: "Ele tem sete portões através dos quais eles serão admitidos pelo seu grande número. As camadas que eles vão descer conforme a sua graduação, são rspectivamente: Gahanna, o mais alto, é para os monoteístas rebeldes; o segundo, Al Laza [fornalha], é para os judeus; o terceiro é Al Hutama [o esmagado], que é para os cristãos; o quarto é Al-Sa'ir [a fogueira], para os Sabaenos; o quinto, Saqar [calor ardente], é para os adoradores do fogo; o sexto é o inferno, que é para os incrédulos; e o sétimo é a Fossa para os enganadores".

A Descrição do Paraíso

A Bíblia diz que os cristãos nascidos de novo vão estar no céu com Deus, num estado de santa alegria e adoração dAquele que os salvou do inferno. Um retrato do paraíso que espera os muçulmanos depois que eles saírem do inferno nos foi apresentado pelo Alcorão; por Maomé, o mensageiro de Alá; e pela maioria dos antigos e mais recentes sábios muçulmanos. Este retrato está muito bem apresentado no Sura (um capítulo do Alcorão ) 36.55,56; 37.41-49; 47.15; 55.56; 56.22,23; 56.35-37; e 87.31-33:

Uma coisa muito estranha que o paraíso tem são as houris, destinados a satisfazer os prazeres sexuais dos homens. Estas houris são virgens, e as suas relações com os homens jamais afeta a sua virgindade. Não envelhecem mais do que 33 anos de idade. São brancas, olhos grandes e negros e a pele suave e macia. As mulheres que morrem em idade avançada na terra serão recriadas virgens para o deleite dos homens. Estes comentaristas concordam com isto: Al Jalalan (pp. 328, 451-453, 499), Al Baidawi (pp. 710, 711, 781) e Al Zamakhshary (Parte 4, pp. 453, 450-462, 690).

Em seu livro Legal Opinions (Opiniões Jurídicas), o Xeque Sha 'rawi (o mais renomado Xeque de todos os países árabes e islâmicos, que tem um programa de televisão no Egito) expôs a sua tese quando escreveu: "O apóstolo de Deus recebeu a seguinte pergunta: 'Teremos intercurso sexual no paraíso?' Ele respondeu: 'Sim, juro por Aquele que tem a minha alma em Sua mão que será um intercurso vigoroso e, logo que o homem se separe dela [a houri], ela voltará a ser imaculada e virgem'". Na página 148, Sha 'rawi escreveu: "O apóstolo de Deus, Maomé, disse: 'A cada manhã, cem virgens serão [a porção] de cada homem'". O islamismo é uma religião de lascívia. As mulheres são consideradas no céu como objetos de prazer a serem possuídos pelos homens, do mesmo modo como são hoje abusadas em muitos países muçulmanos.

Na página 191, Sha 'rawi diz que se uma mulher tiver sido casada com mais de um homem, ou por ter ficado viúva, ou por ter-se divorciado, no paraíso ela teria o direito de escolher um deles. Mas, o homem no paraíso tem o direito de ter dúzias de houris. Compare com as palavras de Jesus em Mateus 22.29,30. Ao ser questionado sobre o casamento no céu, ele deixou bem claro: "Vocês estão errados porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus. Na ressurreição, as pessoas não se casam nem são dadas em casamento; mas são como os anjos do céu".

O Contrato de Casamento Temporário

Sábios muçulmanos, em coleções de comentários chamados "Hadiths", descrevem um "casamento de prazer". O casamento de prazer é simplesmente assinar documentos religiosos no quarto de uma prostituta, ou na recepção com um Imã (oficial religioso), antes de fazer sexo. Assim, não existe pecado, pois os parceiros foram "casados" por uma hora.

Maomé legalizou este procedimento, depois o proibiu, voltando a legalizá-lo depois, por isso, a maioria dos seus seguidores e os Califas consideram-no legal. Os muçulmanos xiitas (100 milhões) são acostumados com este procedimento e o praticam em várias partes do mundo. Conforme registrado no Sahih al-Bukhari (um comentário), "Quando estávamos no exército, o apóstolo de Alá veio até nós e disse: 'Vocês têm direito ao prazer, portanto, desfrutem-no. Se um homem e uma mulher concordarem em se casar temporariamente, esse casamento deverá durar três noites e, se quiserem continuar, eles podem'". Ibn Mas'ud também confirmou isto. (Para mais informações sobre mulheres no Islamismo serão publicadas na próxima edição, nesta série).

O retrato do paraíso no Alcorão tem também as seguintes descrições:

"De altos tronos eles darão ordens" (83.23); "Adornados naquele lugar com braceletes de ouro e pérolas e as suas roupas serão de seda" (22.23); "Neles haverá frutos, e tâmaras e romãs" (55.68); "e desposarão donzelas com grandes e brilhantes olhos" (52.20); "reprimindo olhares que nenhum homem ou Jinni antes deles jamais tocou" (55.56).

Como cristãos podemos nos regozijar porque Jesus breve virá e nós vamos estar com Ele em perfeita santidade como Ele prometeu. Todos nós vamos nos relacionar uns com os outros como irmãos e irmãs num reinado glorioso, considerando e honrando uns aos outros. "Pois o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14:17).

Cristianismo e Islamismo

Muitos muçulmanos têm comportamento violento e atitudes que não fazem sentido. Os muçulmanos brigam entre si, perseguem as minorias cristãs de seus países e matam até os próprios irmãos muçulmanos em países islâmicos como o Egito, Irã e Argélia. Para entender porque eles agem assim, precisamos conhecer alguns dos ensinos do islamismo. Mas, ninguém pode conhecer sem comparar com o cristianismo, que pode revelar o que é verdadeiro e o que é falso.

Islamismo e cristianismo não são só religiões com uma coleção de ensinos que você precisa aprender e uma lista de coisas que você pode e não pode fazer. Eu creio que tanto o islamismo como o cristianismo são mais do que isto. Eu creio que há um "espírito" do islamismo e um Espírito do cristianismo (o Espírito de Cristo). Através do "espírito" do islamismo vieram os ensinos do islamismo e o comportamento dos muçulmanos. Através do Espírito de Cristo vieram os ensinos do cristianismo e o comportamento amoroso dos cristãos. "O Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (Jo 14:26).

Um exemplo disto é quando Jesus enviou os Seus discípulos: "Eis que Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho. Ao entrardes numa casa, dizei: 'Paz seja nesta casa!'... Quando entrardes numa cidade e ali vos receberem, comei do que vos for oferecido. Curai os enfermos que nela houver e anunciai-lhes: 'A vós outros está próximo o reino de Deus.' Quando, porém, entrardes numa cidade e não vos receberem, saí pelas ruas e clamai: 'Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós outros'" (Lc 10:3-11).

Muitas das coisas que Jesus declarou aqui são o oposto do que Maomé ordenou aos seus seguidores. Jesus enviou os Seus discípulos como cordeiros para levar cura e paz a todas as cidades, mas Alá mandou seus discípulos como lobos para conquistar as cidades. Jesus pediu que seus discípulos não levassem bolsa, alforje ou sandália, mas Alá mandou que Maomé instruísse seus discípulos a levarem espadas ao entrar nas cidades. Ele os ordenou: "Portanto, quando vocês encontrarem os infiéis [numa batalha], agarrem-nos pela garganta; e depois de os subjugarem completamente, amarrem [a eles] com um laço bem apertado; depois, [é tempo para] generosidade ou resgate, até que a guerra deponha o seu fardo" (Alcorão, Sura 47:4).

Os muçulmanos não sentem vergonha de Maomé e os Califas terem usado a espada para abrir outros países para o islamismo e forçar os não muçulmanos a se converterem ao islamismo. Na guerra dos apóstatas, eles também obrigaram os muçulmanos que deixaram o islamismo depois da morte de Maomé a voltarem para os islamismo. Até a bandeira da Arábia Saudita, a pátria dos islamismo, contém duas espadas. A maioria dos países do Golfo ainda usa espadas não só nas lutas, mas também nas danças.

Alguns podem alegar que estas matanças aconteceram no tempo de Maomé, mas que os muçulmanos de hoje não encorajam a morte de ninguém, mesmo de quem muda de religião, porque o Alcorão diz que a religião não é obrigatória. Mas, isto não é verdade, mesmo que o governo seja secular e não aplique tanto a Lei Xaria (lei islâmica).

No dia 2 de janeiro de 1986, as autoridades egípcias prenderam oito homens e mulheres. Foram acusados de deixar o islamismo e abraçar o cristianismo. Depois que eles foram presos, um líder muçulmano escreveu para o governo exigindo que fossem executados. No dia 2 de julho de 1986, o jornal Luz Islâmica, publicado pelo partido Ahrar (homens livres), disse num artigo intitulado "A Questão do Absurdo": "Duas coisas nós consideramos absurdas. A primeira, é que a igreja egípcia está exigindo a libertação imediata deles e ter contatado a Anistia Internacional para manifestar a sua indignação pela prisão de oito pessoas por causa da sua apostasia do islamismo. A segunda coisa a que realmente chamamos de absurdo é que o governo egípcio se contentou em prender somente eles. Esperava-se que fosse aplicada a lei islâmica sobre eles, isto é, a morte, se eles não se arrependerem. O governo precisa deixar isto claro para o mundo inteiro e ter orgulho desta lei, porque é o veredicto de Alá." (Behind the Veil [Por Trás do Véu], pg. 16).

Quanto ao cristianismo, quando os líderes religiosos vieram prender e matar Jesus, Seu discípulo Pedro tomou a espada e cortou a orelha do servo. Pedro não estava tentando forçar ninguém a aceitar a sua nova religião, mas estava defendendo o seu Senhor e Mestre e a si mesmo.

Mas, Jesus lhe ordenou: "Embainha a tua espada, pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão" (Mt 26:52). Sempre que alguém fizer uso da espada para matar outra pessoa, especialmente se a morte for "em nome de Deus", a maldição de usar a espada vai segui-lo sempre. Eu creio que as guerras nos países instáveis como o Egito, Arábia Saudita, Iraque, Irã, Paquistão, Afeganistão, Kuwait, Argélia e Sudão, tem alguma ligação com este "espírito" de guerra do islamismo.

Os muçulmanos não crêem que Deus é Espírito, por isso eles pensam que o Espírito Santo é o Anjo Gabriel. Não vamos encontrar no islamismo nenhuma explicação sobre o que Deus quer dizer por "espírito". Quando os companheiros de Maomé lhe perguntaram sobre o espírito, ele não soube responder. Até Alá se negou a responder à pergunta deles na Sura 17:85: "Eles te perguntam sobre o espírito; dize-lhes que o espírito é do meu Senhor." Mas, Jesus declarou claramente na conversa com a mulher samaritana: "Deus é Espírito" (Jo 4:24).

O Ramadã

O Ramadã é o nono mês do calendário lunar muçulmano.Acredita-se que no mês do Ramadan o Alcorão sagrado foi enviado do céu como uma orientação aos homens e como um meio de sua salvação. Os muçulmanos crêem que o Ramadã é o mais importante e mais sagrado mês do ano, porque eles acreditam que é o mês em Alá revelou os primeiros versos do Alcorão a Maomé. Eles asseveram que do céu, através do anjo Gabriel, Alá revelou o Alcorão. O Ramadã é um feriado não fixo que se movimenta a cado ano e se localiza no nono mês do calendário muçulmano. É durante este mês que os muçulmanos jejuam. Este mês é chamado de Jejum do Ramadã e dura um mês inteiro. O Ramadã é um período quando os muçulmanos se concentram na sua fé e gastam menos tempo nas suas preocupações cotidianas.

Durante o Ramadã, os muçulmanos jejuam do nascer ao pôr do sol, como parte de um esforço de auto-purificação e aperfeiçoamento. Isto significa abster-se de comida e bebida, inclusive água, durante as horas claras do dia. Os muçulmanos não podem usar nem as suas escovas de dentes durante o jejum. No Egito, como em muitos outros países, os muçulmanos chegam aos seus locais de trabalho mais tarde do que o normal e saem mais cedo.

Quando estão jejuando, os muçulmanos freqüentemente comentam: "Allahoma Enni Saiem", que quer dizer: "Ó, Alá, eu estou jejuando". Isto é bem diferente do cristianismo, como diz Mateus 6.16: "Quando jejuarem, não fiquem com uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os homens vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa". Os muçulmanos também acreditam que jejuar durante o Ramadã traz perdão de pecados. Queridos irmãos e irmãs, vamos nos alegrar juntos, pois Deus enviou o Seu único Filho para pagar pelos nossos pecados de uma vez por todas. Não temos mais de viver pela lei para conseguirmos entrar na Sua presença - Ele rasgou o véu ao meio para que pudéssemos entrar na Sala do Trono. Não precisamos de uma justiça própria para obtermos o perdão dos pecados.

O jejum é obrigatório nos países islâmicos; por isso, ninguém pode declarar em público que não está jejuando durante o Ramadã. Na Arábia Saudita, quem ousar admitir que não está jejuando é punido. Sendo o jejum um dos pilares do islamismo, os sábios muçulmanos consideram deixar de jejuar somente um dia do Ramadã um dos pecados mais graves.

Para os adultos casados, o Ramadã também inclui abster-se das relações maritais durante as horas de jejum (as horas claras do dia). As mulheres não podem jejuar durante a menstruação porque o islamismo as consideram impuras para jejuar. Foi citado por Termizy e outros Imãs (comentaristas islâmicos) que Maomé declarou no Hadith: "Todo aquele que quebrar o jejum, mesmo por um dia, durante o Ramadã sem uma boa razão, nem mesmo toda a eternidade pode compensar". Durante o Ramadã, os muçulmanos levantam-se bem cedo (uma hora e meia antes de amanhecer) para uma refeição pré-jejum. Normalmente, tomam uma refeição bem forte, evitando comidas salgadas para não ter de beber água durante o dia.

No fim do dia, o jejum é completado com o iftar (a refeição "quebra jejum"), que normalmente inclui tâmaras (pois Maomé costumava comer tâmaras e beber leite), frutas frescas, aperitivos, bebidas e jantar. Mais tarde, à noite, os muçulmanos participam de orações noturnas especiais nas mesquitas locais. Todas as noites, durante o Ramadã, é recitada uma porção do Alcorão nas orações. Durante o curso do mês ele é recitado em sua inteireza.

De acordo com o Alcorão sagrado: A pessoa pode comer e beber a qualquer hora durante a noite "até que ela possa distinguir uma linha branca de uma linha preta pela luz do dia: e então ela deve manter o jejum até noite".
O bem feito pelo jejum pode ser destruído através de cinco situações: contar uma mentira, calunia, denunciar uma pessoa pelas costas, um falso juramento, ganância ou cobiça. Geralmente estas coisas são consideradas ofensivas, mas é muito mais ofensivo durante o jejum do Ramadã.

A noite mais importante do mês do Ramadã é a Noite do Poder. Os sábios muçulmanos discordam sobre exatamente que noite é esta. Segundo a tradução do Alcorão do Rei Fahd para o inglês, alguns achavam que fosse a 23a, a 25a, ou a 27a do Ramadã. A Sura 97:3-5 Qadr declara: "Na verdade, nós revelamos esta (mensagem) na Noite do Poder, e o que poderá vos explicar o que é a Noite do Poder? A Noite do Poder é melhor que mil meses. Nessa ocasião, descem os anjos e o Espírito pela permissão de Alá, em cada mensagem: paz! Até o romper da manhã".

Normalmente, o Ramadã é um tempo em que muçulmanos convertidos ao cristianismo enfrentam muita perseguição. Em Bangladesh, o correspondente da VdM escreveu: "Estamos no mês do Ramadã... Infelizmente, é um tempo da perseguição mais cruel contra os nossos convertidos do islamismo. Os muçulmanos ficam muito irados porque os novos convertidos não participam mais com eles das cerimônias especiais. Os últimos dias do jejum são os mais poderosos e importantes para eles (a Noite do Poder). É quando os mestres muçulmanos têm mais possibilidade de incitar os tumultos".

Em Bangladesh, quando uma mulher cristã, Marzina Begum, negou-se a celebrar com os muçulmanos, eles espancaram o seu marido, quebrando a sua perna, e depois roubaram as suas duas vacas. Um dos líderes da aldeia queria casar-se à força com Marzina, mas ela fugiu antes que isto pudesse acontecer. Num outro caso, Hafizur Rahaman foi espancado tão cruelmente que perdeu a audição dos dois ouvidos. Seu rinquixá (tipo de charrete rebocada por uma bicicleta para transporte de pessoas e/ou mercadorias) também lhe foi tirado - era o seu único meio de sustento da família.

O mês do Ramadã é um tempo decisivo para se orar pelos muçulmanos, para que muitos deles tenham fome de Cristo. Urge também orar pela proteção e segurança dos cristãos convertidos durante o Ramadã.

Fontes: Sites na Net

quarta-feira, 16 de julho de 2008

No essencial, unidade; nas diferenças, liberdade; e em ambas as coisas, o amor


No essencial, unidade; nas diferenças, liberdade; e em ambas as coisas, o amor
Bráulia Ribeiro

Outro dia ouvi na rádio local um programa que imitava os crentes. Até demorou para que os humoristas achassem o filão de clichês ridículos do meio evangélico, que deve ser mesmo muito engraçado para os de fora. Poucos dias depois, um irmão veio me visitar e me mostrou os programas de “humor” que tinha produzido para o rádio. Não é que o programa que eu havia escutado, com todo o sarcasmo cruel anti-crente, era dele mesmo? Doeu-me, mas, infelizmente, não me surpreendeu tanto assim. Esta é a nossa postura mais comum. Um contra todos e todos contra um.

Peter Meiderlin, teólogo luterano da cidade de Augsburg, na Alemanha, escreveu, em 1627, um livrete, descrevendo um sonho em que Cristo lhe aparece pedindo que vigie pois será tentado. Logo depois o diabo, vestido de anjo de luz, aparece dizendo que vem da parte de Deus e começa a profetizar a respeito da necessidade de os eleitos se manterem puros na sã doutrina. A verdade que eles herdaram deve ser preservada numa nova denominação doutrinária, livre da contaminação de heresias. Quando o teólogo ora sobre o que deverá fazer, imediatamente o diabo some e Cristo reaparece, encorajando-o a permanecer fiel à simplicidade e humildade de coração. Ele acorda do sonho e escreve o tratado que termina com esta frase: “Si nos servaremus In necessariis Unitatem, In non-necessariis Libertatem, In utrisque Charitatem, optimo certe loco essent res nostrae” (No essencial, unidade; no não essencial, liberdade; e em ambas as coisas, a caridade).

Parece-me que o cenário cristão da Europa do século 17 não é muito diferente do cristianismo de hoje. O diabo continua usando a mesma estratégia para impedir que a oração de Jesus por nós (João 17) seja respondida. Ele se especializou em nos manter afastados uns dos outros, em nome da própria verdade que deveria nos unir. Distanciamo-nos por causa da pureza doutrinária. Acreditamos que nosso “logos” é melhor que o dos outros, esquecendo que o logos é a encarnação do perdão e da humildade e a razão principal por que deveríamos buscar a unidade e não a exclusão. Rotulamos pastores, igrejas, correntes doutrinárias, grupos inteiros de cristãos, desprezando-nos mutuamente, com ironias e sarcasmo.

Apesar de termos certeza de que nossa doutrina é pura, esta pureza é muito difícil de ser definida. Na crença de certas culturas indígenas que categorizamos de animistas, se define vida humana pela “perfeição genética”. Qualquer tipo de “anomalia” — desde a concepção de gêmeos, até más-formações mais graves como síndrome de Down, paralisia cerebral etc. — contradiz a suposta “perfeição” que definiria o que é um “ser humano” real. Do alto de nosso conhecimento ocidental, criticamos estas crenças animistas. Uma criança gêmea não é encarnação do demônio só porque nasceu mais magrinha. A outra, deficiente, pode ser fonte de muita alegria para os pais, apesar de seus problemas. A vida humana é preciosa, não importa a forma. Ao comparar estas crenças e nossa definição de cristianismo, percebemos que somos teologicamente tão animistas quanto eles. Só consideramos cristãos aqueles que se encaixam em nossa definição do que seja uma doutrina perfeita e sadia. As anomalias podem ser desprezadas, abandonadas, e até cruelmente assassinadas por nossas palavras.


Orgulho e Preconceito



Braulia Ribeiro



Um dos prazeres de pais cristãos é ensinar seus filhos pequenos a cantar musicas cujas mensagens imprimam em suas mentes conceitos que mais tarde serão necessários em suas vidas. Eu gostava de esgoelar com os meus: “Meu coração era sujo”, “O sabão lava meu rostinho”, e, claro, não podia faltar, “Cuidado, olhinho, o que vê/ o Salvador do céu está olhando pra você...”

Recentemente comecei a me deixar assustar por fantasmas, não sei se fruto dos anos ou das circunstâncias. Na jornada da vida, as críticas, as altas expectativas e os baixos níveis de compromisso me deixaram atada a amarguras, feridas e lepras. Os fantasmas dos irmãos que não perdoei me atormentam, cutucam, me visitam nas noites insones, me tiram a paz e me azedam o suco gástrico, causando dor física. Até agora nunca tinha me prendido a nada assim. Caminhei até aqui numa jornada de perdão constante, quase alienado, que se re-expunha, se re-feria inúmeras vezes, mas continuava presente. Devo dizer que esta vida “delirante” do perdão é mais feliz do que a vida “racional” da amargura.

Como diz Derrida, o perdão que exige troca social (o outro se arrepende, portanto eu posso perdoá-lo) não pode ser chamado de perdão. O perdão de pés no chão, que se precavê, que reforça defesas, que cobra arrependimentos, é um mecanismo social humano, nada mais. O perdão divino e verdadeiro, o único que merece esse título é aquele incondicional, excepcional e extravagante. Perdôo porque sim. Perdôo total e completamente, sem cobranças e sem resquícios. Perdôo porque as pessoas não mudaram e não merecem ser perdoadas. Aliás, o perdão não tem objeto, basta-se a si mesmo. Enquanto eu não entendi isso, sofri interiormente por alguns meses na mansão assombrada da família Adams.

Dias atrás minha colega Carol veio me visitar. Amiga de muitos anos, risada alta, Carol chegou sem sorrir, fixou em mim seus olhos azuis e disse, tirando da testa a mecha grisalha para que eu visse, sem duvidar, a centelha que eles queriam me passar: “Bráulia, estava orando por você e Deus me disse que ele está te vendo.” Conversamos um pouco mais e ela se foi.

Deus me vê! Saí da sala me sentindo a heroína do romance de Jane Austen, observada à distância por Mr. Darcy, sabendo reconhecida por ele a beleza, adivinhadas as curvas nas muitas pregas do vestido, os lindos seios num decote que revela o colo e nada mais. Ainda consigo seduzi-lo. Sou a noiva, a esperada. Julgava-me a preterida, a escrava; no entanto o Rei me vê como imaculada, a noiva desejável. Ele me vê.

Aquela noiva da “Valsinha”1, sobre quem um dia escrevi com esperança, fez sentido outra vez. A igreja soterrada de paradoxos sociais, enredada em seus orgulhos e preconceitos, apagada na burca de sua ignorância, se ergue novamente, remexe no armário e reencontra suas vestes de festa.

Os olhos dele não me vigiam para me acusar, me perscrutar ou me envergonhar. Eles não me desnudam impudicos como os olhos dos homens sentados em um bar fazem com as distraídas que passam. Eles não me consomem em demanda egoísta de prazer pessoal, se é que a metáfora ainda cabe. Eles me vêem inteira, com bondade e respeito, me vêem como o cavalheiro inglês, antevendo-me a minha beleza sublime, para mostrar-se forte.

Mesmo me achando questionadora, comprei, sem perceber, a coerção moral infantil através do conceito do Deus amedrontador. Comprei para mim e vendi a meus filhos a idéia de olhos que vigiam, cobram e julgam. Mas a imagem principal de nosso noivo não é esta. São seus olhos que embelezam a noiva com seu perdão excepcional, esquizofrênico e divino. É ele que a embeleza, não ela a si. A idéia prevalecente na Palavra sobre ele é de embevecimento, carinho, auto-sacrifício, misericórdia e benignidade. A religião o transforma em juiz. Sentir seus olhos sobre mim (Sl 33.18; 34.15; 2Cr 16.9) me revelou novamente seu amor. E à luz deste amor caminho devagar para fora da mansão das sombras das amarguras e desesperanças.




terça-feira, 15 de julho de 2008

A SEDUÇÃO DA ORTODOXIA


A SEDUÇÃO DA ORTODOXIA
Paulo Brabo

A primeira e mais persistente imperfeição a tentar roubar o brilho da originalidade de Jesus como apresentado nos evangelhos foi o gnosticismo. Decalcado sem sutileza da visão de mundo das religiões de mistério, o gnosticismo crê, essencialmente, que a salvação está condicionada ao acesso a um conhecimento secreto – a gnose – através do qual o iniciado nos mistérios da religião pode conectar-se à divindade e beneficiar-se dela.

Alguns crêem que o Apóstolo escreveu a maior parte de suas cartas para combater o alastramento da mancha gnóstica no seio virgem da igreja primitiva; outros juram de pé junto que Paulo não estava ele mesmo imune à sua influência, e que muitas de suas passagens e argumentos promovem ou pressupõem a visão de mundo gnóstica.

Certo é que nenhum outro conceito tem permeado tão unanimemente e por tanto tempo a mentalidade cristã de todas as tendências e estirpes do que a confiança tipicamente gnóstica na supremacia ou na necessidade de um conhecimento secreto – isto é, específico – como condição para a salvação. Com o tempo, naturalmente, o gnosticismo foi demonizado com este nome; entre os cristãos o conhecimento secreto passou a ser chamado e idolatrado como crença correta – ou ortodoxia, que é como se diz em grego.

Só a ortodoxia salva.
A relação dos cristãos com a ortodoxia é primordialmente idolátrica. Se pressionados, cristãos de todos os matizes acabarão concordando que não é uma religião particular que beneficia o adorador, mas algum aspecto da bondade divina expresso na vida, morte e/ou ressurreição de Jesus. Na prática, no entanto, todos tentarão convencê-lo de que para beneficiar-se desse privilégio gratuito é necessário abraçar determinado conjunto muito específico de noções a respeito de Deus, da vida e da salvação. A esse conjunto de “crenças corretas”, que nenhuma facção cristã tem em comum com a outra, é que se dá o nome fortuito de ortodoxia.

A paixão com que os cristãos defendem seus pontos de vista uns contra os outros reflete com precisão a extensão de sua ortodoxolatria. Jesus é muito bonzinho e tal – mas só a ortodoxia salva, e ninguém vem a Jesus se não for por ela.

Ortodoxolatria – ou gnosticismo cristão – é a crença praticamente universal (entre os cristãos) de que para beneficiar-se do favor de Jesus é preciso sancionar uma série racional e muito específica de assertivas a respeito de como Deus funciona. Ser cristão não é, segundo essa visão, uma postura pessoal de confiança no cacife de Jesus; não é questão de posicionamento moral, psicológico ou espiritual. Para os partidários da nova gnose ser cristão é assunto da cabeça e da razão; depende da consistência do nosso discernimento intelectual, demonstrada pela filiação ao rol apropriado de afirmações teológicas – em detrimento, naturalmente, de todas as outras.

É por sermos todos ortodoxólatras que entre a leitura deste parágrafo e do anterior uma igreja em algum lugar se dividiu e se criaram duas – cada uma acenando com sua própria versão da gnose, o conhecimento apropriado que tem poder para salvar. Gente que sentava-se no mesmo banco para cultuar estará a partir deste momento separada pelo abismo de sua fé inabalável na necessidade da crença correta. Terão discordado irreparavelmente sobre algum ponto crucial da sã doutrina: se mulher tem direito a pregar, se Jesus visitou o inferno, se milagres acontecem, se o arrebatamento vem antes ou depois do milênio, se o Espírito é derramado em uma ou duas prestações, se Jesus ressuscitou, se um homem pode dormir abraçado a outro; se cristão pode se divorciar, abortar, assistir televisão, cortar o cabelo, tomar cerveja, ouvir Raul Seixas, ler ficção científica, usar camisinha, suicidar; se é certo usar crucifixo, votar em comunista, acender uma vela, comprar a prestação, pagar o dízimo, fazer o sinal da cruz, chorar aos pés de uma estátua, jogar na loteria, batizar criança, fazer sexo antes, durante e depois do casamento. As combinações são incontáveis, e cada facção proporá sua versão particular da gnose. Uma única coisa todos os grupos apresentarão em comum: a fé subjacente e implacável na ortodoxia, o paradigma que pressupõe a supremacia e a necessidade de uma única posição doutrinária/teológica/ideológica formal e a conseqüente demonização das outras. Como dizia Borges, interessa-lhes menos Deus do que refutar os que o negam na sua versão.

Essa confiança nos benefícios inerentes de uma apreensão intelectual adequada dos mecanismos de Deus não poderia estar mais distante da postura de Jesus, para quem apenas comparações podem produzir um vislumbre da natureza do Reino e – mais importante – todos os homens podem beneficiar-se da postura cavalheiresca de Deus, independentemente do acesso a qualquer conhecimento secreto ou específico. A inescapável graça de Deus, segundo Jesus, está pronta a agir em favor não apenas dos pecadores – o que deveria parecer por si mesmo admirável – mas também dos incompetentes, dos deficientes, dos tolos, dos insensatos, dos imaturos. A verdade foi escondida, garante Jesus, dos doutos e estudados e revelada aos mais parvos dos discípulos. Para entrar no Reino é necessário que nos tornemos “como crianças” – condição que não denota, ao contrário do que se pensa, um atestado de inocência, mas de incompetência. Para beneficiar-se do Reino é preciso ser incapaz. Requer-se não ter noção do que está acontecendo e não ter noção de como parar o processo aparentemente irreversível do qual fazemos parte. É preciso ser capaz de baixar a bola e delegar o controle e a compreensão do que está acontecendo a outro. É preciso ter uma vaga idéia, não certeza. Fé, não crenças. Confiança na suficiência do cavalheirismo de Deus, não no mérito arbitrário da ortodoxia.

Paulo Brabo

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Escolho meus amigos pel......


Escolho meus amigos pel...

Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.


Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Louco que senta e espera a chegada da lua cheia.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada, só ofereço ao acaso.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham
pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que anormalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

PS. Aos loucos varridos e santos que, como eu, insistem em acreditar na amizade!

Fonte:http://thiagomendanha.blogspot.com/

Missionária brasileira leva esperança para a Índia


MISSIONÁRIOS - SERVOS DE DEUS
India

Shunii é uma divindade do mal. Todos os sábados, os devotos devem lhe depositar oferendas, quase sempre na forma de alimentos como frutas, verduras e arroz. Essa é a única maneira de aplacá-lo e assim evitar suas ações maléficas. Não é difícil encontrar Shunii – sua figura grotesca, pintada de azul, ornamenta pequenos altares instalados em esquinas, ruas e praças na Índia, tanto nas grandes cidades como nos pequenos vilarejos. Famílias inteiras saem em procissão até os nichos com imagens de Shunii, que são fabricadas e distribuídas aos borbotões pelo país. Às vezes, é preciso recorrer aos serviços de um guru, que recebe donativos para oficiar cerimônias em homenagem à entidade. Feito o culto, as pessoas podem voltar sossegadas às suas casas, pois consideram-se a salvo dos infortúnios que podem ser provocados pela ira do deus mau. Pelo menos, até a semana seguinte, quando será preciso repetir o rito.

Assim como Shunii, dezenas de milhões de divindades são veneradas na Índia, uma nação com 1,1 bilhão de habitantes. Cerca de oitenta por cento dessa imensa população declara-se seguidora do hinduísmo – muito mais que um sistema religioso, trata-se de um conjunto de crenças, tradições e superstições tão diversificado como o povo indiano. Lá, convivem centenas de etnias e fala-se nada menos que duas mil línguas e dialetos. A presença cristã, minoritária, desperta sentimentos que vão desde a intolerância ao ódio puro e simples, expresso em atentados religiosos que vêm aumentando no país. Embora pratique um regime democrático e disponha de tecnologias avançadas, a Índia é uma nação que se rege por tradições ancestrais inalteradas em pleno século 21. A sociedade é dividida nas chamadas castas, sendo a maior delas a dos párias, reunindo indivíduos que vivem na pobreza absoluta e sequer devem ser tocados. Acredita-se na lei do carma, segundo a qual os sofrimentos são resultado de maus atos praticados em vidas anteriores. Por isso, os hindus devem conformar-se com seu destino, pois seria impossível mudá-lo, e aguardar melhor sorte num ciclo sucessivo de reencarnações.

Pois foi diante deste quadro de obscurantismo espiritual que a missionária brasileira Ana Maria Miranda Sarkar se deparou quando chegou pela primeira vez à Índia, em 1996. “Aquele era um mundo novo e assustador para mim. Fiquei perplexa com o semblante das pessoas, que pareciam acuadas”, lembra a carioca de 43 anos, que lidera o ministério Harvest Today (Colheita Hoje), uma organização não-governamental de orientação evangélica instalada em Dakshin Barasat, a 50 quilômetros de Calcutá – cidade indiana com mais de 16 milhões de habitantes e todas as mazelas de um mega-aglomerado urbano de Terceiro Mundo. Harvest Today é a concretização de um sonho missionário de Ana Maria e hoje atende mais de 300 famílias carentes, prestando assistência na área educacional e de saúde.

Criada no Evangelho, Ana Maria teve trajetória semelhante à de boa parte dos adolescentes e jovens crentes. “Eu vivia mais pela fé de meus pais”, lembra. Até que, aos 19 anos, o encontro genuíno com Cristo acabou mudando o rumo de sua vida. Após um período de intensas atividades na igreja que freqüentava, Ana sentiu um chamado missionário. “A princípio, acreditei que deveria seguir para a França”, conta. A fim de se preparar devidamente para a obra, ela fez cursos na área de missiologia, estudou idiomas e especializou-se em enfermagem. Mas seu campo não seria a iluminada Europa, e sim, uma das regiões mais pobres do mundo. “Certa vez, folheando uma revista, vi uma foto chocante. Mostrava uma criança indiana miserável, chorando ao lado do cadáver da mãe.” A partir dali, ela começou a buscar a orientação do Senhor e orar pela Índia. “Deus revelou que me daria aquela nação como herança”, frisa a missionária.

“Escravidão ao diabo” – Depois de um período no Reino Unido, afiando o inglês, Ana foi “espiar a terra”. Passou três meses na Índia, fazendo contatos com cristãos locais e estudando a melhor maneira de iniciar um trabalho social e evangelístico no país. A questão legal foi uma primeira barreira. Embora tenha se apresentado como profissional de saúde disposta a auxiliar a população local, só mesmo um milagre, no entender dela, tornou possível a obtenção de um visto para cinco anos. “Isso é muito raro de acontecer”, diz. Ligada à Igreja Presbiteriana Betânia, de Niterói (RJ), ela foi enviada definitivamente como obreira comissionada e instalou-se em um apartamentinho alugado em Calcutá. “Eu não conhecia ninguém ali e não falava nada em bengali. Caminhava pelas ruas, contemplando a dura vida que as pessoas levavam. Era de apertar o coração.” Sem saber exatamente o que fazer, começou a pedir a Deus que enviasse pessoas até ela. A súplica foi atendida na pessoa de Manju, uma adolescente que veio em busca de trabalho. Manju, paupérrima, vivia numa aldeia próxima. “Ela acabou ficando. Fazia pequenos serviços domésticos, comia comigo e me observava atentamente”, conta Ana.

A garota acabou se tornando o primeiro fruto do trabalho da missionária. “Em pouco tempo, ela aprendeu um pouco de inglês a partir das nossas conversas e de alguns dicionários de bengali que eu tinha. Um dia, comprei uma Bíblia em sua língua e dei a ela.” Ana Maria explica que o processo de evangelização de um indiano é longo e trabalhoso. “Não é nada fácil para uma pessoa que pratica o panteísmo aceitar que deve adorar um só Deus”, explica. “É preciso conquistar sua confiança e desenvolver uma amizade.” Pois foi com esta fórmula que Ana levou Manju à conversão a Cristo. Logo depois, surgiu um rapaz interessado em aprender inglês. Percebendo a oportunidade, a missionária abriu um curso que atraiu outros jovens. “Um belo dia, quatro meninas maltrapilhas bateram à porta mendigando comida. O estado delas era deplorável, tive que controlar a ânsia de vômito”, admite. Mesmo contando apenas com a bolsa mensal de US$ 1 mil fornecida por sua igreja e ofertas eventuais, Ana Maria comprou-lhes roupas, um kit básico de higiene e comida. Em pouco tempo, o apartamento já abrigava o curso de inglês, uma escolinha bíblica para crianças e uma improvisada clínica. Cada vez mais pessoas apareciam em busca de ajuda material – mas uma outra clientela chamou a atenção de Ana Maria: a de mulheres desesperadas com a própria realidade. “As meninas, principalmente, sofrem muito na sociedade indiana. A cultura local privilegia a figura masculina. As mães que têm filhas são discriminadas; afinal, meninas são um peso para suas famílias, que precisam pagar dotes aos futuros maridos.” A obreira brasileira conviveu com crianças abandonadas, mulheres violentadas e esposas espancadas pelos próprios companheiros. “Ao contrário do que muitos ocidentais imaginam, os indianos não vivem naquela aura de espiritualidade exótica. O que existe é escravidão ao diabo, mesmo. O número de suicídios é enorme, assim como o de mortos pela fome e por doenças. O cheiro de corpos cremados é horrível”, afirma.

Passo de fé – Quando começou a visitar as famílias de “suas meninas”, como faz questão de dizer, Ana conheceu a aldeia de Dakshin Barasat, que se tornou uma espécie de cabeça de ponte de seu ministério. Ali, em meio à carência generalizada, ela encontrou espaço para montar uma clínica e uma escola. Os habitantes, muitos dos quais jamais haviam tomado um antibiótico, aglomeravam-se à porta. “Havia muito o que fazer. Eu dava vitaminas, fazia pequenos curativos, ensinava hábitos de higiene.” Um médico local, também cristão, foi contratado para os atendimentos mais complexos. Centenas de pessoas apareciam a cada dia. “Eu as atendia e orava por todos em nome de Jesus. Logo, a casa ficou conhecida como ‘hospital de Jesus’”. Àquela altura, uma equipe de obreiros locais, frutos da missão, já colaborava com o serviço. Surgiu uma igreja. “Descobrimos estabelecimentos que vendiam comida e remédios mais baratos. Aquecemos até a economia local”, brinca.

Mas além de abrir corações para a Palavra de Deus, o ministério também era um risco para Ana. Grupos de religiosos radicais, tanto hindus como muçulmanos, insatisfeitos com o florescimento do trabalho cristão, passaram a intimidar a missionária. Um dia, no trajeto entre Calcutá e a aldeia, Ana Maria foi jogada do trem. “Só não fiquei paraplégica por milagre, pois fraturei várias vértebras”, conta. Sem ninguém para socorrê-la – o hinduísmo inspira nas pessoas um fatalismo que beira a indiferença –, ela se deslocou sozinha até o hospital mais próximo, muitos quilômetros e estações depois. Com a saúde e o ânimo abalados, ela confessa que pensou em desistir. “Os medos que me assaltaram na minha chegada à Índia voltaram com mais força. Mas sentia o Senhor confirmando meu ministério naquele lugar”, lembra, emocionada. De volta ao Brasil para um período de recuperação, Ana Maria foi informada de que sua igreja não a manteria mais. “Meu pastor, temendo por minha vida, disse que eu não voltaria sob sua responsabilidade.” O jeito foi tomar uma atitude de fé e retornar mesmo sem garantia de sustento, já que as ofertas que apareciam não seriam suficientes para manter tudo funcionando. Mas a providência divina veio na forma da solidariedade de um alto funcionário do governo indiano, já aposentado, que conheceu o trabalho da brasileira e ofereceu-lhe apoio para institucionalizar o ministério. “Até então, funcionávamos em uma base improvisada. A legalização nos capacitou a fazer convênios com outras entidades.”

O retorno à terra que passou a amar também teve outras surpresas para Ana. Um cristão que a conhecera havia mais de três anos a pediu em casamento. “Relutei um pouco”, conta, meio encabulada, “mas percebi naquilo a vontade do Senhor para minha vida.” A união com Malay Sarkar proporcionou a Ana a cidadania indiana e a garantia da permanência no país. “Antes, era preciso sair e retornar para renovar o visto, um processo cansativo e dispendioso. Agora, isso acabou”, comemora. A trajetória de fé de Ana Maria a tornou conhecida e requisitada. Ela já esteve nos Estados Unidos, na Europa e até no Japão falando de seu trabalho. Em todas as ocasiões – como na temporada que passou no Brasil, entre dezembro de 2007 e março deste ano, visitando a família e percorrendo igrejas de vários estados –, fala da urgência do trabalho missionário entre povos não-alcançados e busca patrocinadores para Harvest Today. Pelo sistema da missão, é possível sustentar uma criança, dando-lhe educação, moradia e alimentação, com cerca de R$ 30 mensais. “Aqui, pode ser pouco, mas na realidade da Índia, é muito”, revela. Mais que auxílio, os assistidos pela missão ganham uma esperança. Para gente como a jovem Manju e milhares de outros indianos para quem o ministério de Ana representou a diferença entre a vida e a morte, Shunii e os milhões de deuses do panteão hindu não representam mais uma ameaça – pois eles, agora, podem descansar à sombra do Onipotente.

Fé em ação
A missão Harvest Today (Colheita Hoje) é um complexo de ação social e evangelística instalado na periferia de Calcutá, na Índia. Além de Escola Maranata de ensino fundamental – onde 300 alunos de tempo integral recebem três refeições diárias –, a entidade mantém uma clínica que atende cerca de 250 famílias da região. Há ainda cursos de inglês para crianças e jovens, núcleo de atividades comunitárias e uma igreja, a Casa Betânia. A missão abriga também cerca de 30 meninas e adolescentes rejeitadas pelas famílias. Atualmente, a missão conta com 26 obreiros de tempo integral e também com voluntários indianos e estrangeiros.Quem quiser conhecer mais sobre o trabalho da missionária Ana Maria Miranda Sarkar e de Harvest Today pode fazer contato pelo e-mail ana_harvest@yahoo.com ou com a coordenadora no Brasil, Ormi Sardenberg, pelo e-mail ormisardenberg@ig.com.br

Fonte:http://www.cristianismohoje.com.br/artigo.php?artigoid=33584

Para não perder a glória de chorar

PARA NÃO PERDER A GLÓRIA DE CHORAR
LUÍS CARLOS BATISTA

O protestantismo brasileiro aprendeu a rejeitar a cultura brasileira. E quando o tema é música popular brasileira a rejeição é ainda mais marcante. Se não é música com temática evangélica, então sua origem é satânica. Trata-se de uma concepção teológica míope. São desconsiderados conceitos teológicos importantes como a graça comum e a imago dei.

A graça comum nos ensina que Deus derrama dádivas sobre todos os seres humanos. Ele deixa a chuva cair sobre bons e maus (Mt 5.45). A graça comum nada tem haver com a graça que salva o pecador. Trata-se das dádivas que Deus dá independente da fé. Por este prisma podemos considerar o talento de um músico, de um professor, de um médico, como dádivas divinas. Frutos da graça comum.

O conceito de “imago dei” nos ensina que os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-27). Há algo de Deus em todos os seres humanos. É claro que o pecado manchou esta imago dei original, mas não a destruiu totalmente. Assim um ser humano sem a fé em Jesus é capaz de criar coisas maravilhosas, como também é capaz de atos pecaminosos terríveis. Ele vive nesta tensão.

Diante destas duas concepções, podemos então olhar para os grandes talentos da música popular brasileira de forma menos julgadora e maniqueísta. Um disco como “Construção” (1971) de Chico Buarque só pode ser gerado pelo fato da graça comum ter atingido o compositor brasileiro. Uma obra como esta não é diabólica, muito pelo contrário, carrega dentro si algo de Deus. Só pode ser divina a inspiração para a força poética das letras, a beleza das melodias e a inventividade dos arranjos. E aqui não estou falando de salvação ou relacionamento pessoal com Deus, falo de graça comum.

Inspirado em um artigo que li do Pr. Ed René Kivitz, quero combinar música brasileira e teologia cristã. E escolho o grupo carioca Los Hermanos. Um raro raio de criatividade que brilhou no pobre cenário atual da música brasileira, envenenado por axé, pagode, funk e similares. O grupo teve uma estréia tímida com o disco homônimo de 1999. O sucesso veio com a mediana “Ana Júlia”. Foi, porém, com o segundo disco (“Bloco do Eu Sozinho”) de 2001 que eles mostraram todo o seu talento. Forjaram um caldeirão sonoro riquíssimo com rock, pop, MPB regado a um bom instrumental com metais contagiantes. O disco seguinte (“Ventura”) de 2003 comprovou de vez o absurdo talento musical do grupo. Não ocorreram mais sucessos radiofônicos como no primeiro disco, mas em termos de qualidade o grupo dava saltos fabulosos. O último disco (“4”) de 2005 decepcionou um pouco, um tanto morno demais. Aí veio a separação, porém a indelével marca do grupo já foi deixada na música popular brasileira.

E neste meu ensaio de teologia e MPB, escolho uma canção do terceiro disco do grupo: “O Vencedor”. A letra fala de pessoas que se consideram fortes e vitoriosas. Pessoas que caminham do lado oposto do autor da letra. Estes vitoriosos estão salvos de sofrer, crêem que perder é ser menos na vida e não gostam de chorar. São bravos e fortes, mas na verdade escravos. Não há espaço em suas vidas para o sofrimento, o choro, o aprender com as derrotas. São os vencedores conforme os padrões da atual sociedade.

O autor na letra diz que “Eu que já não quero mais ser um vencedor \ Levo a vida devagar pra não faltar amor”. Ele rejeita a vitória que não dá espaço para a dor, para o sofrer, para o amor. E prefere ser alguém que ama do que um bravo e inabalável vencedor. Como amar sem sofrer e chorar? Se para vencer não há espaço para tropeços e lágrimas, então não há espaço também para o amor. E por fim nosso autor conclui que “E eu que já não sou assim \ Muito de ganhar \ Junto às mãos ao meu redor \ Faço o melhor que sou capaz \ Só pra viver em paz”. Novamente rejeita a vitória dos bravos, e prefere o caminho da paz.

Podemos concluir que para o autor da letra, a vitória sem sofrimento e sentimento não é na verdade uma vitória. Do que adiante vencer sem amor e paz? Nas entrelinhas da letra podemos perceber que a verdadeira vitória passa por sofrimentos e sentimentos, e é conduzida por amor e paz. É claro que o grupo Los Hermanos não fala especificamente de teologia em sua letra, mas é possível traçar um interessante paralelo entre a letra e a teologia cristã.

O conceito bíblico de vitória também vai na contra-mão do conceito atual de vitória. A “vitória não é dos fortes, nem dos que correm melhor”, já dizia uma antigo hino evangélico. Paulo diz que quando está fraco é que ele torna-se forte (II Co 12.7-10). Jesus pregava que felizes são os pobres, os que choram, os que são perseguidos (Lc 6.20-22). Para o cristão o caminho da vitória não passa por dinheiro, poder, fama. Passa sim pelo amor de Deus que nos leva a amar o próximo. E como amar o próximo sem vivenciar sofrimento e sentimentos intensos? Como amar o próximo nos colocando como bravos e indestrutíveis? E quem trilha o verdadeiro caminho do evangelho vive em paz. Na tríplice paz descrita no Novo Testamento: com Deus, consigo mesmo e com o próximo.

Viver a vitória descrita no Novo Testamento é diferente de ser um vencedor em nossa sociedade. Paulo diz que “somos mais do que vencedores, graças aquele que nos amou” (Rm 8.37). Os comentaristas destacam que o termo “amou” no original grego está em um tempo verbal que indica um evento histórico específico. Só pode ser a cruz de Cristo. No que foi para a sociedade da época a grande derrota de Cristo, na verdade foi sua vitória. E somos vencedores graças a esta vitória. Porém a cruz só pode ser vista como vitória pelos olhos da fé, pelos olhos humanos não passa de uma grande derrota.

Um verso da canção do Los Hermanos é realmente digno de nota aqui: “Olha lá quem sempre quer vitória \ E perde a glória de chorar”. No Novo Testamento o verdadeiro sofrimento é realmente glorioso. Paulo fala em sermos co-participantes do sofrimento de Cristo (Rm 8.17). O triste é constatar que muitos cristãos preferem à vitória baseada no dinheiro, poder e fama, e assim perdem a glória de chorar. “Bem aventurado os que choram”. Preferem os jatos, iates, carros do ano, malas cheias de dinheiros. É a doentia pregação da Teologia da Prosperidade sobre vitória financeira. Esta vitória eu não quero, prefiro a vitória da cruz e a glória de chorar.




Segue abaixo a letra na íntegra de "O Vencedor" (Los Hermanos)

Olha lá quem vem do lado oposto
E vem sem gosto de viver
Olha lá que os bravos são escravos
Sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar

Eu que já não quero mais ser um vencedor,
Levo a vida devagar pra não faltar amor
Olha você e diz que não
Vive a esconder o coração

Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
Só procura abrigo
Mas não deixa ninguém ver
Por que será?

E eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz.


Fonte:http://www.hojeteologia.blogspot.com/

domingo, 6 de julho de 2008

Alguém Sabe Onde Estão os Crentes?





Alguém Sabe Onde Estão os Crentes?
Caio Fábio

Inspirado no livro lindo que minha mãe, que é crente de crentes, está escrevendo, redigi essas linhas, pois, ao ler a sua vida desde a infância, e ao ir me lembrando de todos os perrengues de sua existência, apenas me pergunto: Onde andam os outros espécimes dessa raça eleita?

Onde estão os crentes? Sim! Onde anda essa gente outrora farta em número proporcional, mesmo que fizessem parte de uma esmagadora minoria?

Onde se esconderam os crentes? Sim! Aquela gente simples, que comia a Palavra e respirava pela oração?

Onde enterraram os crentes? Sim! Aqueles homens e mulheres que chamavam depressão de tristeza e angustia de tribulação ou apenas de provação?

Onde mataram os crentes? Sim! Aquela gente que mesmo morta ainda falava, mas que agora mesmo existindo já está morta?

Ah! Como sinto falta dos crentes! Sim! Daquela gente que temia a Deus, que amava o próximo, que guardava o coração para não pecar nem na emoção raivosa, e que se deleitava na alegria sua ou dos irmãos?

Sim! Morro de saudades até da ignorância santa dos crentes!

Ignorantes de muitas coisas, mas crentes nas virtudes do amor e da fé, e que carregavam a Palavra na mente todos os dias, e que quando erravam era por não saber melhor!

Sinto saudades dos crentes que criam na Bíblia e que se deleitavam no estudo da Palavra.

Sinto saudades da reverencia dos crentes para com todos.

Ah! Quanta saudade do tempo em que os crentes eram simples e humildes, e que tinham apenas Deus como consolo e fortaleza.

Meu coração anseia por encontrar pobres satisfeitos, rejeitados não amargurados, abandonados que não ficam se sentindo sozinhos, expulsos que sabem que não perdem nada, escorraçados que aceitam o maltrato como privilégio.

A iniqüidade vai aumentando e o amor vai esfriando!

Desse modo os crentes vão minguando e deles se vê apenas a sombra tímida e reclusa.

Onde estão os crentes? Sim! Aqueles mesmos que não esmoreciam ante nada, que brincavam de rodas à volta das tumbas, e que chamavam até mesmo o morrer apenas de promoção?

Ah! Meninos e meninas tolos! Filhos da incredulidade! Enteados da descrença! Escravos da insensatez!

Será que vocês não vêem, não ouvem, ou terá o seu coração perdido as carnes do sentir?

Crente tinha essência. Sim! Tinha caráter e fibra! Crente era forte, era firme, era homem ou mulher de verdade!

Crente perseverava, e nada o abatia para sempre!

Crentes? Hoje? Não! São palitos de algodão doce! São pirulitos chupados pelo capricho do diabo. São mercenários que tentam contratar Deus para qualquer serviço sujo, que antes os crentes até diziam que "era coisa do diabo".

Crentes? Comunhão? Não! Hoje a comunhão virou suruba de perversa fraternidade!

Crentes? Solidariedade? Ah! Não! O que há é apenas "swing" de interesses sórdidos!

Crentes? Não! Nem mesmo são mais querentes. Agora, quando são ainda bons, são apenas carentes!

Os eleitos estão sendo enganados!

Não lêem a Palavra. Não conferem mais coisas espirituais com coisas espirituais. Não buscam mais a verdade, mas apenas as riquezas deste mundo!

Sim! Perderam o prazer em Deus! O amor de Cristo neles feneceu!

Devagar os verdadeiros crentes estão sendo levados, arrebatados pelo tempo e pela morte; e no lugar ficamos nós, essa gente nojenta de tanto nada, e pegajosa de tanto sebo de engano!

Até os melhores entre nós ainda são fracos e não suportam nada. Escandalizam-se de tudo, e arranjam pretextos para se matar de depressão por qualquer coisa:

"Meu marido não me quer..."

"Sou gay e quero morrer..."

"Minha mãe não me amou..."

"Perdi a esperança na igreja..."

"Fui abusada pelo meu irmão..."

"Cresci sem amor..."

"Por que não dei cabo da vida ainda quando estava no ventre materno?..."

Ah! Quanto desculpa para não andar, para não crer, para não se apossar do verdadeiro amor!

Sim! Meu Deus! Onde estão os crentes? Onde anda aquele povo alegre, embora não dançante; feliz, embora não gargalhante; sério, embora sempre andando em gozo?

Sim! Onde andam aqueles que fazem o mundo indigno perante o seu caminhar de estrangeiros e peregrinos sobre a terra?

O que vejo é um vale de ossos secos!

Ora, diante do que vejo apenas creio que o Senhor sabe, e que por Sua Palavra esse vale de morte ainda pode encontrar o espírito da vida!

Nele, que sabe onde estão os crentes,

Caio

1º de julho de 2008

Manaus-AM