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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Dogmas e a Cristandade

Raul, Dogmas e a Cristandade



“Eu prefiro ser…
Esta metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo…”
Raul Seixas

Parece que tem sabedoria nas palavras do Raul, apesar de tudo. Provavelmente quando cantava ele pensava estar criticando o status quo, a estrutura vigente. E nada mais representativo desta estrutura do que o cristianismo. Ele com certeza achava que estava batendo de frente com o pensamento cristão…

Mas será que estava? Somos criticados, nós os cristãos, por mantermos padrões, seguirmos doutrinas e dogmas. Mas o cristianismo vivo e dinâmico nos leva para muito além dos dogmas, aliás chega a chamar os dogmas de idolatria. Este cristianismo nos incentiva a “conhecer e prosseguir conhecendo”, numa busca incessante e sincera: “buscar-me-eis e me achareis quando me buscares de todo coração”. Este conhecimento também é o tipo conhecimento que deve gerar em nós algum tipo de transformação pessoal. Não é meramente intelectual, mas é dinâmico e humano, entra fundo em nós gerando mudanças constantes.


Só é capaz de buscar aquele que não tem. Para que possamos ser a motivados a continuar conhecendo, temos que reconhecer que não sabemos. Este é o estado de alma da metamorfose ambulante. Estou sempre disposto a mudar através do conhecimento que adquiro. Me metamorfoseio constantemente numa nova pessoa, através de mais revelação da pessoa de Deus. A isto se referiu Carlos Finney, grande avivalista do século XIX, quando dizia que devemos nos converter todos os dias. O que conheço de Deus hoje não é o suficiente, preciso mais, ainda que este conhecimento novo venha questionar idéias anteriores, desafiar meus conceitos, ou gerar novos paradigmas de comportamento na minha vida.

O cristão não dogmático (soa como uma contradição de termos para você? Pois não é…) não é um cristão sem convicções profundas. Mas ao invés de valorizar em primeiro lugar a doutrina à respeito de seu Deus ele valoriza seu relacionamento com o próprio Deus. O Deus vivo, dinâmico, que muda, não em caráter e valores morais, mas que muda na sua estratégia de confronto com o ser humano, na dispensação da sua presença, na quantidade de revelação que derrama, Deus que encobre coisas (Deuteronômio29:29) mas que as revela aos justos (Daniel 2:47). E que vai “brilhando mais e mais.” na nossa vida, “até ser dia perfeito” (Provérbios 4:18).

O preço desta vida de metamorfose é muitas vezes uma certa insegurança. Para onde estou indo? Será que isto é certo? É tão fácil se segurar em dogmas, que todos o fazem, principalmente os não cristãos… O próprio Raul tinha dogmas. Alguns dos quais provavelmente inquestionáveis. Eram com certeza, os não-não. - Não há Deus, não há caráter humano que preste – não há nada bom no velho, no “establishment”, e com certeza não há nada de bom que se possa esperar no novo também…

A diferença de um cristão sem dogmas e de um pseudo livre-pensador é que o cristão sabe que é limitado, que não sabe tudo nem jamais saberá e de que necessita de uma âncora além de si mesmo para se segurar. Esta âncora não é um dogma doutrinário, mas o relacionamento com uma Pessoa, amorosa, sensível e divina. O cristão deve a esta Pessoa submissão e humildade. Ele tem que trazer sua mente escravizada a esta pessoa: “trazendo cativo todo pensamento à pessoa de Cristo“. Mas o intelectual-liberal no entanto não “deve” nada a ninguém. Ele é seu próprio Deus. Sua âncora é sua razão e nela está seu orgulho. “firmado com os pés no estribo de sua própria razão” ele nunca vai além de si mesmo, anda em círculos ao redor de seus dogmas pessoais, e vive cego pela idolatria da razão. Este não é capaz de se metamorfosear nunca, porque não há mudança possível para alguém cuja única referência são suas próprias idéias…

Ah Raul, quão enganado você estava…


Braulia Ribeiro

Braulia Ribeiro - Pioneira no Norte do Brasil trabalhando entres tribos indígenas, é missionária de Jovens Com Uma Missão desde 1980. Formada em Etno-lingüística pela University of the Nations no Havaí, e com mestrado em Lingüística Antropológica pela Universidade Federal de Rondônia dá assistência lingüística e antropológica às equipes que trabalham nas tribos e é coordenadora acadêmica do campus da Universidade das Nações em Porto Velho. É casada com Reinaldo Ribeiro e juntos lideram o Ministério Transcultural em Porto Velho-RO. Leia também seus artigos na revista Ultimato e Eclésia.

Seja um Idiota


Seja um Idiota


A idiotice é vital para a felicidade.Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre.Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado?Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes,separações, dores e afins. No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja um idiota!Ria dos próprios defeitos.E de quem acha defeitos em você.Ignore o que o boçal do seu chefe disse.Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele.Pobre dele.Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice.Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?hahahahahahahahaha!...Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana?Quanto tempo faz que você não vai ao cinema? É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar?Desaprenderam a brincar.Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.
Dura, densa, e bem ruim. Brincar é legal.Entendeu?Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar banho de chuva. Pule corda!Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte. Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.Teste a teoria.Uma semaninha, para começar. Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras.Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios"."Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche".

As circunstâncias entre as quais você vive determinam sua reputação. A verdade em que você acredita determina seu caráter. A reputação é o que acham que você é. O caráter é o que você realmente é... A reputação é o que você tem quando chega a uma comunidade nova. O caráter é o que você tem quando vai embora... A reputação é feita em um momento. O caráter é construído em uma vida inteira... A reputação torna você rico ou pobre. O caráter torna você feliz ou infeliz... A reputação é o que os homens dizem de você junto à sua sepultura. O caráter é o que os anjos dizem de você diante de Deus.

( Texto de Arnaldo Jabor)

A prosperidade da decepção


A prosperidade da decepção
Ariovaldo Ramos



Quando, na década de 80, a teologia da prosperidade chegou ao Brasil, ela veio como uma nova tese sobre a fé, prometia o céu aqui para o que tivesse certo tipo de fé. As promessas eram as mais mirabolantes: garantia de saúde a toda prova, riqueza, carros maravilhosos, salários altíssimos, posições de liderança, prosperidade ampla, geral e irrestrita. Lembro-me de, nessa época, ter ouvido de um ferrenho seguidor dessa teologia que, quem tivesse fé poderia, inclusive, negociar com Deus a data de sua morte, afirmava que, na nova condição de fé em que se encontrava, Deus teria de negociar com ele a data de sua partida para mundo dos que aguardam a ressurreição do corpo. Estamos, há cerca de vinte anos convivendo com isso, talvez, por isso, a grande pergunta sobre essa teologia seja: Como têm conseguido permanecer por tanto tempo? A tentação é responder a questão com uma sonora declaração sobre a veracidade desta proposição, ou seja, permanece porque é verdade, quem tem fé tem tudo isso e muito mais. Entretanto, quando se faz uma pesquisa, por mais elementar, o que se constata é que as promessas da teologia da prosperidade não se cumpriram, e, de fato, nem o poderiam, quando as regras da exegese e da hermenêutica são respeitadas, percebe-se: não há respaldo bíblico. Então qual a razão para essa longevidade?



Em primeiro lugar, a vida longa se sustenta pela criatividade, os pregadores dessa mensagem estão sempre se reinventando, bem fez um de seus mais expoentes pregadores quando passou a chamar seu programa de TV de “Show da Fé”, de fato é um espetáculo ás custas da boa fé do povo. Mesmo os mais discretos estão sempre expondo o povo, em alguns casos, quando mais simplório melhor, em outros, quanto mais bonita, e note-se o feminino, melhor. Além disso, é uma sucessão de invencionices: um dia é passar pela porta x, outro é tocar a trombeta y, ou empunhar a espada z, ou cobrir-se do manto x, e, por aí vai. Isso sem contar o sem número de amuletos ungidos, de águas fluidificadas e de bênçãos especiais. Suas igrejas são verdadeiros movimentos de massa, dirigidos por “pop stars” que tornam amadores os mais respeitados animadores de auditório da TV brasileira.



Em segundo lugar, a vida longa se mantém pela penitência; os pregadores dessa panacéia descobriram que o povo gosta de pagar pelos benefícios que recebe, algo como “não dever nada a ninguém”, fruto da cultura de penitência amplamente disseminada na igreja romana medieval, aliás, grande causadora da reforma protestante. Tudo nessas igrejas é pago. Ainda que cada movimento financeiro seja chamado de oferta, trata-se, na prática, de pagamento pela benção. Deus foi transformado num gordo e avaro banqueiro que está pronto a repartir as suas benesses para quem pagar bem, assim, o fiel é aquele que paga e o faz pela fé; a oferta, nessas comunidades, é a única prova de fé que alguém pode apresentar. Na idade média, como até hoje, entre os romanos, Deus podia ser pago com sacrifícios, tais como: carregar a cruz por um longo caminho num arremedo da via “crucis”, ou subir de joelhos um número absurdo de degraus, ou, em último caso, acender uma velinha qualquer, não é preciso dizer que a maioria escolhe a vela. Mas, isso é no romanismo! Quem quer prosperidade, cura, promoções, carrões e outros beneplácitos similares tem de pagar em moeda corrente, afinal, dinheiro chama dinheiro, diz a crença popular. E tem de pagar antes de receber e, se não receber não pode reclamar, porque Deus sabe o que faz e, se não liberou a bênção é porque não recebeu o suficiente ou não encontrou a fé meritória. Esses pregadores têm o consumidor ideal.



Em terceiro lugar são longevos porque justificam o capitalismo, embora, segundo Weber, o capitalismo seja fruto da ética protestante, (aliás, a bem da verdade é preciso que se diga que o capitalismo descrito por Max Weber em seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” não é, nem de longe, o praticado hoje, que se sustenta no consumismo, enquanto aquele se erguia da poupança, além disso, como sociólogo, Weber tirou uma foto, não fez um filme, suas teses se circunscrevem a sua época e nada mais) a fé, de modo geral, evangélica nunca se deu bem com a riqueza. A chegada, porém, dessa teologia mudou o quadro, o capital está, finalmente, justificado, foi promovido de grilhão que manieta a fé em troféu da mesma. Antes, o que se assenhoreava do capital tornava-se o avaro acumulador egoísta, agora, nessa tese, é o protótipo do ser humano de fé. Antes, o que corria atrás dos bens materiais era um mundano, hoje, para esses palradores, é o que busca o cumprimento das promessas celestiais. Juntamente com o capitalismo, essa mensagem justifica o individualismo, a bênção é para o que tem fé, ela é inalienável e intransferível. Eu soube de uma igreja dessas que, num rasgo de coerência, proibiu qualquer socorro social na comunidade para não premiar os que não tem fé. Assim, quem tem fé tem tudo quem não tem fé não tem nada. Antes, ter fé em Cristo colocava o sujeito na estrada da solidariedade, hoje, nesse tipo de pregação, o coloca no barranco da arrogância. Toda “esperteza” está justificada e incentivada. Não é de estranhar que ética seja um artigo em falta na vida e no “shopping center” de fé desses “ministros”.



Mas, o que isso tudo tem gerado, de verdade? Decepção, fragorosa decepção é tudo o que está sobrando no frigir dos ovos. As bênçãos mirabolantes não vieram porque Deus nunca as prometeu, e Deus não pode ser manipulado. O sucesso e a riqueza que, porventura, vieram foram mais fruto de manobras “espertalhonas”, para dizer o mínimo, do que resultado de fé. Aliás, para muitos foi ficando claro que o que chamavam de fé, nada mais era do que a ganância que cega, o antigo conto do vigário foi substituído pelo conto do pastor. Gente houve que ficou doente, mas, escondeu; perdeu o emprego, mas, mentiu; acreditou ter recebido a cura, encerrou o tratamento médico e morreu. Um bocado de gente tentando salvar as aparências, tentando defender os seus lideres de suas próprias mentiras e deslizes éticos e morais; um mundo marcado pela esquizofrenia. O individualismo acabou por gerar frieza, solidão e, principalmente, perda de identidade, porque a gente só se torna em comunidade. Tudo isso acontecendo enquanto muitos fiéis observavam o contraste entre si e seus pastores, eles sendo alcançados pela perda de bens, pela angústia de uma fé inoperante, pela perda de entes queridos que julgavam absolutamente curados e os pastores enriquecendo, melhorando sensivelmente o padrão de vida, adquirindo patrimônio digno de nota, sendo contado entre o “jet set”, virando artistas de TV, tudo em nome de um evangelho que diziam ter de ser pregado e que suas novas e portentosas posses avalizavam.



E onde estão estes decepcionados? E para onde estão indo os seus pares? Muitos estão, literalmente, por aí, perderam aquela fé, mas não acharam a que os apóstolos e profetas da escritura judaico-cristã anunciaram; ouviram o nome Cristo, mas não o encontraram e pararam de procurar. Talvez, estejam perdidos para evangelho; para sempre. Outros, no meio de tudo isso foram achados por Cristo e estão procurando pelo lugar onde ele se encontra. Para os primeiros não há muito que fazer a não ser interceder diante do Eterno, para que se apiede dos que foram vergonhosamente enganados; para os que estão a procura, entretanto, é preciso desenvolver uma pastoral. Eles não estão chegando como chegam os que estão em processo de reconhecimento de Deus e do seu Cristo. Estão batendo às portas das comunidades que julgam sérias com a Bíblia a procura de cura para a sua fé, para a sua forma de ser crente, para a sua esperança de salvação, para a sua falta de comunidade e para a sua confusão doutrinária. Precisam, finalmente, ver a Jesus Cristo e a si mesmos; precisam, em meio a tanta desinformação encontrar o ensino, em meio a tanto engano recuperar a esperança. Necessitam de comunidade e de identidade, de abraço e de paciência, de paz e de alento, de fraternidade e de exemplo, de doutrina e de vida abundante. Quem quer que há de recebê-los terá de preparar-se para tanto, mesmo porque, ainda que certos da confusão a que foram expostos, a cultura que trazem é a única que têm e, nos momentos de crise, de qualquer natureza, será a partir desta que reagirão, até que o discipulado bíblico construa, com o tempo, uma nova e saudável cultura.



Hoje, para além de tudo o que encerra a sua missão, a Igreja tem de corrigir os erros que, em seu nome, e, em muitos casos, sob a sua silenciosa conivência, foram e, ainda, estão sendo cometidos .





quarta-feira, 28 de maio de 2008

Outro Deus


Outro Deus [# 01]
Ed René Kivitz



Por que “outro Deus”? Para responder, preciso fazer uma confissão: gosto de Marx (1818 – 1883), Nietzsche (1844-1900), Freud (1856-1939), Sartre (1905 – 1980), e outros caras do tipo.
Gosto porque são passionais, ou melhor, prefiro dizer viscerais, e honestos, pelo menos no que escreveram. Gosto porque suas perguntas deixam os religiosos, como eu, por exemplo, no canto da parede.
Gosto porque suas perguntas não têm nada a ver com Deus. Têm tudo a ver com os religiosos, ou se você preferir, com a idéia religiosa de Deus, o que Saramago chamou de “fator Deus” – a maneira como Deus é percebido, crido, tratado pelos que nele crêem.
A religião, no sentido de “fator Deus”, de fato, é um esconderijo para gente alienada, covarde e infantil. Não são poucos os que se apegam ao “fator Deus” em busca de consolo para sua infelicidade na existência e sobrevivem do sonho do paraíso pós morte, deixando a história entregue aos oportunistas.
Muita gente procura em Deus o pai que nunca teve e ou gostaria de ter tido, isto é, aquele protetor e provedor incondicional, para quem se corre quando a vida faz careta. Outros há que se recolhem em Deus fugindo exatamente da possibilidade de encarar as caretas da vida, numa recusa em assumir a responsabilidade de escrever uma biografia digna, entregando tudo aos desígnios determinados pelo céu, a famosa vontade de Deus.
Por que “outro Deus”? Porque um Deus que gera alienados, infantis e covardes não é Deus, é um deus. Um Deus “costas largas”, como diz minha mãe, responsabilizado por todas as mazelas da vida, e é cobrado por solucionar rápido o desconforto dos seus fiéis, não é Deus, mas um deus, isto é, um ídolo.
Mas há coisa pior do que ser alienado, infantil e covarde. Dizem que pouca gente faz tanto mal quanto os estúpidos engajados, os idiotas trabalhadores. Quando o sujeito é um estúpido ou idiota preguiçoso, passivo, causa pouco estrago. Mas quando o sujeito é dedicado, comprometido, voluntarioso, então o estrago é grande.
Eles descambam para os fundamentalismos, promovem os sectarismos, abusam de sua pseudo autoridade, manipulam gente piedosa, usam a religião em benefício próprio, instrumentalizam o nome de Deus, e transformam o que seria esperança em niilismo e cinismo. Estes tais serviram para Nietzsche justificar sua angústia: “Se mais remidos se parecessem os remidos, mais fácil me seria crer no redentor”.


Outro Deus [# 02]


Chegou a minha vez de dizer que “Deus morreu, vocês mataram Deus”. Sei dos riscos. Dizem que gato escaldado tem medo de água fria. Mas alguns gatos não se dão por vencidos. Aliás, dizem também que gatos têm sete vidas. Que seja.

Tudo bem, posso atenuar um pouco, respeitando as pessoas que me querem bem e temem por mim. Temem que eu me comprometa em lutas quixotescas. Temem as retaliações que possa sofrer. E, na verdade, temem que eu perca o juízo e a fé. Nesse caso, dou um passo atrás e digo que um deus morreu em mim. E nasceu outro, que me seduziu com amor eterno. Por Ele me apaixonei.

O deus que morreu foi exaltado na sub-cultura da religiosidade evangélica brasileira. Basicamente, era um deus que

(1) vivia de plantão para me poupar de qualquer tragédia, evitar meus sofrimentos, e abreviar as situações que me trariam qualquer desconforto;

(2) prometia satisfazer não apenas minhas necessidades, mas também meus desejos;

(3) estava comprometido a me favorecer em todas as minhas demandas contra os pagãos;

(4) compensava minhas irresponsabilidades e ignorâncias em troca de minha fé;

(5) manipulava todas as circunstâncias da minha vida como um tapeceiro que corta fios e dá nós no emaranhado do avesso do tapete, para revelar a bela paisagem ao final do processo, capaz de encantar todos aqueles que olham pelo lado certo. Enfim, morreu em mim aquele deus parecido com a figura idealizada de um super-pai, que levou homens como Freud, Nietzsche e Sartre a desdenharem da religião.

Esse deus morreu em mim porque se demonstrou falso. Isto é, ou não existia de fato, ou estava descrito de maneira equivocada, pois não precisamos ser muito sagazes para perceber que

(1) o justo sofre,

(2) o justo convive com frustrações,

(3) os maus prosperam,

(4) Deus não faz o que compete aos seres humanos fazer, e

(5) não se pode conceber que Deus tenha decidido na eternidade que a missionária fulana de tal seria estuprada numa esquina de São Paulo, para cumprir um propósito, pois nesse caso, o estuprador está isento de responsabilidade.

Não é razoável a crença em um deus que coloca os seus fiéis numa bolha protetora contra toda sorte de dificuldades e possibilidades de dores. A Bíblia Sagrada registra que todos os homens que foram íntimos de Deus e cumpriram tarefas designadas por Ele sofreram, mais até do que muitos que deram as costas para Ele. Isso levou Santa Teresa de Ávila afirmar: “Se o Senhor trata assim os seus amigos, não se admira que tenha tantos inimigos”. Também não faz sentido o relacionamento com Deus motivado pelo interesse de suas bênçãos e galardões, pois isso faz com que Deus deixe de ser um fim em si mesmo e passe a ser um meio de prosperidade, isto é, passa a ser um ídolo a serviço dos fiéis. Igualmente incoerente é acreditar que a fé é suficiente para o êxito, pois ninguém passa no vestibular “pela fé”. Finalmente, não é sensato acreditar que Deus é a causa de tudo quanto acontece no mundo, pois nesse caso Deus estaria por trás de todo ato de maldade, levando o malvado a agir, de modo que ninguém seria culpado pelos seus atos.

Essa coisa de “Deus tem um plano para cada criatura” é incoerente em relação à fé cristã, pois seres criados à imagem e semelhança de Deus não podem ser privados da liberdade. Ou os seres humanos são responsáveis pelos seus destinos, ou não podem ser julgados moralmente.

Esse deus morreu. Mas sua morte fez ecoar uma pergunta no ar: Deus tem um favor especial aos nascidos de novo? Isto é, em relação aos não cristãos, os cristãos são tratados de maneira diferente pelo seu Deus? Minha resposta é sim e não.

Sim, porque por definição aqueles que se relacionam de maneira consciente e voluntária com Deus desfrutam de possibilidades que extrapolam os horizontes de vida daqueles que vivem como se Deus não existisse. A pergunta a respeito do cuidado especial de Deus não se refere a favoritismo ou acepção de pessoas, mas de algo inerente ao relacionamento. Algo como alguém perguntar se uma mãe trata diferente seus filhos em relação a outras crianças. É claro que sim, pois estão sob seus cuidados e sob sua autoridade. Mas, em tese, uma mulher que vive a experiência da maternidade trata todas as crianças com o mesmo senso de justiça e compaixão. E é justamente nesse sentido que Deus não faz qualquer distinção entre os que o reconhecem e os que o rejeitam: Deus faz o sol nascer sobre justos e injustos.

Mas então, qual foi o Deus que nasceu para ocupar o lugar do deus que morreu? Ou se preferir, para tornar a coisa um pouco mais prática, o que posso esperar de Deus?

(1) Sendo cristão, enxergo a vida com outros olhos. Experimentei a metanóia, que chamam de arrependimento, mas creio ser uma expansão de consciência (do gr. meta = além, e nous = mente). Vivo sob valores, imperativos, prioridades e propósitos diferenciados. Conhecer a Deus me faz andar na luz, na verdade, livre de pesos, culpas e máscaras, com a consciência e as intenções tão puras quanto um ser humano imperfeito as pode ter, e isso já basta para que minha vida dê um salto de qualidade imensurável.

(2) Recebo subsídios de Deus no meu “homem interior”, pois sendo verdade que “tudo posso naquele que me fortalece” aprendo a viver o contentamento em toda e qualquer situação. As promessas de Deus aos seus não dizem respeito ao conforto circunstancial ou à prosperidade aqui e agora, mas afetam a interioridade humana, por exemplo, com paz que excede o entendimento e alegria completa. Mais do que isso, a intimidade com Deus não faz a minha vida mais fácil, mas me faz mais humano, mais maduro, mais capaz de amar com a lucidez que escolhe as coisas mais excelentes, mais capaz de enfrentar com dignidade toda e qualquer situação.

(3) Sou integrado numa comunidade de cristãos que me abençoa na dinâmica da mutualidade. O socorro de Deus para minha vida chega pelas mãos dos meus irmãos. São os meus irmãos que me falam as palavras de Deus, repartem comigo seu pão, andam ao meu lado no vale da sombra da morte. Experimento a presença de Deus na comunhão com os filhos de Deus, vendo Deus na face dos irmãos.

(4) Tenho minha consciência e sensibilidades despertadas para o sofrimento da raça humana e a agonia do cosmos que sofre suas dores, de modo a receber um pouco do amor e da compaixão do coração de Deus em meu próprio coração, e acato a utopia do novo céu e da nova terra não como sonhos irrealizável, mas como promessa que motivas à ação toda vez que sou interpelado pelo Deus que me fala desde o clamor dos oprimidos.

(5) Vivo sob o olhar amoroso, poderoso e justo de Deus, que interfere em minha vida à luz de sua economia eterna, à seu critério, e isso é mistério da graça, isto é, não depende dos méritos dos beneficiados. Descanso no fato de que, apesar de Deus não ser a causa primeira de tudo quanto me acontece, não há qualquer coisa que venha me acontecer que esteja fora do seu conhecimento, controle e cuidado. É suficiente crer que toda vez que Deus opta por deixar a vida correr seu curso normal – e geralmente é isso o que Deus faz – nada pode me separar do seu amor, que está em Cristo Jesus meu Salvador.

Em síntese, morreu o deus que fazia de mim uma criança mimada, que chorava a cada desencontro da vida. Recebi revelação do Deus que me convida a crescer, para que Ele possa me receber como seu cooperador, seu amigo, alguém com quem Ele não tem segredos, e que encontra a felicidade não na vida confortável, mas na vida digna. Com a morte de um deus, morreu também uma espiritualidade. E nasceu outra, marcada pela graça, pela fé e pela resistência.



terça-feira, 27 de maio de 2008

ONIPOTÊNCIA, MILAGRE E VIDA


ONIPOTÊNCIA, MILAGRE E VIDA

Deus é onipotente. Aliás, não crer na onipotência divina seria igual a desacreditar na própria existência de uma divindade – um deus sem poder não é Deus. Milagres acontecem. Não crer em milagres seria igual a desacreditar na possibilidade dasações divinas. – um deus imóvel é um absurdo conceitual.

Deus não só possui todo o poder como nEle se origina tudo o que se entende como poder, capacidade, criatividade. Deus pode fazer qualquer coisa e tem a liberdade de agir como, quando e onde quiser.

Antecipo essas verdades porque procuro discutir a plausibilidade do milagre no cotidiano; quero saber se é possível ter um chão existencial presumindo as intervenções divinas. A partir desses questionamentos, quero perceber se é função do sacerdote ensinar que se organize a vida esperando livramentos divinos.

Realmente não há como negar, a Bíblia contém numerosos exemplos de livramentos, salvações, resgates espetaculares e curas divinas. Para evitá-los seria necessário um enorme exercício de relativização das Escrituras. Porém, algumas perguntas insistem: o sujeito religioso deve conceber a sua existência com expectativa de intervenções sobrenaturais? Deve-se procurar reverter o diagnóstico de uma doença terminal pela oração? Um fiel deve apelar para Deus se quiser ganhar um litígio judicial? Um pastor deve ensinar que a vida só será possível com constantes intervenções de Deus? As pessoas experimentam “upgrades”, levam vantagem sobre os demais, quando obedecem aos mandamentos?

Essas inquietações não negam que Deus tem toda força e pode fazer o impossível. Elas buscam, tão somente, repensar a cosmovisão religiosa que contempla a vida com ingerências do alto; confrontam as lógicas de que homens e mulheres carecem de socorros emergenciais de Deus para que a existência seja minimamente possível.

É função do pastor ajudar as pessoas a viverem com fé, mesmo quando não existe a possibilidade de milagre. Diferente do paganismo, a cosmovisão cristã convoca que se confie em Deus para enfrentar as contingências da vida com coragem. Nesse conceito, fé não antecipa prodígios sobrenaturais. Os cristãos parecem, entretanto, carminhar noutra direção; urge que se resignifique fé.

Fé não se limita a acreditar em acontecimentos extraordinários. Partindo-se da aceitação de que existe um Criador e Controlador do universo, esta verdade é axiomática – e consta em todas as tradições religiosas monoteístas, inclusive as judaicas e islâmicas

Sempre que se reflete sobre milagre as reações são emotivas. “Deus não pode intervir na vida das pessoas, principalmente, as mais necessitadas?”. Lógico que pode; isso já ficou estabelecido nos dois primeiros parágrafos acima. Deus pode tudo; Ele é o Todo-Poderoso.

A questão é se Deus quer que a vida humana se organize com ocasionais intervenções suas. Proponho que não. Ninguém deve viver ou preparar-se para enfrentar o “dia mal” (Efésios 6.13) com expectativa de que virão auxílios sobre-humanos aliviando o sofrimento.

Dois conceitos também precisam constar nessas elaborações: graça e justiça. Graça, muito mais que um jargão teológico é uma descrição do jeito como Deus lida com a humanidade. O amor de Deus é gratuito, universal e unilateralmente derramado sobre todos. Ele abençoa sem exigir méritos; seus afetos independem da qualidade moral ou de práticas religiosas das pessoas. Deus não ama como reação. Também não faz acepção, não discrimina; não premia uns para abandonar outros ao léu; não “elege” uns poucos para voltar as costas para a maioria que nasce como “filhos da ira”.

Portanto, se e quando acontece algum milagre, com certeza não vem como resposta de oração – qualquer mérito anula a graça e as suas intervenções não visam abençoar os “eleitos” – já que não faz acepção de pessoas.

As intervenções divinas, se e quando acontecem, estão ligadas a a um propósito eterno do coração de Deus e as pessoas não têm qualquer ingerência sobre elas - milagres são mistérios.

Fé pode ser compreendida como coragem existencial. No reconhecimento de que a vida é imprevisível, fé aposta nos valores do Evangelho; que suas verdades e princípios são suficientes para enfrentar a vida com tudo o que acontecer de bom ou de ruim. Fé é um convite a confiar no propósito eterno de Deus - Ele quer ter uma família com filhos parecidos com Jesus de Nazaré.

A religiosidade que promove a expectativa de livramentos tem sido responsável por processos de infantilização; homens e mulheres, acreditando que a história ficará diferente com milagres são impedidos de iniciativas transformadoras.

Eu creio em milagres, mas não espero por eles; celebro a onipotência, mas recuso-me a apelar para qualquer força que me dê vantagem sobre os outros; não nego a soberania de Javé, mas não acredito que a vida esteja presa a trilhos inexoráveis; oro, mas não entendo que a função da prece se restrinja a “conseguir mais bênção”.

Fé é aceitar o desafio de viver como ovelha no meio de lobos; enfrentar um mundo cheio de tribulações; "receber bom testemunho, sem, no entanto, receber o que havia sido prometido" (Hebreus 11.39).

“Mesmo não florescendo a figueira, e não havendo uvas nas videiras, mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação” (Habacuque 3.17).

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim


quinta-feira, 22 de maio de 2008

Coragem Para ser Transformado


Coragem Para ser Transformado
Josimar Salum


Não posso parar de aprender. É o aprendizado constante que me faz vibrante, ativo, entusiasmado. É preciso buscar sempre novas coisas, desafiar limites, expandir, caminhar para frente, desenvolver.

Deus me fez assim: inteligente, pensante, criativo, apto para exceder, inspirado para triunfar, ávido para descobrir, capacitado a renovar e pronto para recomeçar sempre que preciso.

Para transformar e ser transformado, para agenciar mudanças e ser mudado, para romper com velhos paradígmas e aceitar o novo.

Para experimentar a agradável, boa e perfeita vontade de Deus sou exortado a não me conformar com o mundo, mas a transformar a mim mesmo pela renovação de minha mente.

Convicções que eram baluartes foram substituídas por outras num processo de metamorfose que provocou em mim muito desconforto, insegurança e renúncia. Para melhor.

Nestes processos de metamorfose, descobri que “as verdades” que cria eram de fato o absoluto de tradições humanas que um dia aceitei, sem questionamento, porque era criança. Todavia, na medida que cresci, digo, comecei a pensar, abrí-me para o novo da Revelação da Palavra, e reputei-as como mitos.

Ainda hoje admito que nem tudo o que creio é Verdade infalível da Palavra de Deus. Assuntos escatológicos, por exemplo, alimentados pela fantasia desta geração “deixados para trás” não me convencem nem um pouco. Fico aqui muitas vezes perguntando como as contradições, e as questões não respondidas, e as datas marcadas, esta miscelânia dispensacionalista deste escapismo horroroso podem estar baseados na Palavra de Deus!

Aqui corro o risco de ser tido como herético, cético, inimigo do arrebatamento, etc. Não me importo, já que decidi ser livre para procurar a Verdade, e assim sendo, questionar todas as confissões de fé, as vacas sagradas e os paradígmas ao meu redor.

Decidi não me conformar com este mundo - o que não é Reino de Deus. Nas esferas da criação existem o mundo e o Reino de Deus. Um dia os reinos deste mundo se tornarão o Reino de Deus e de Seu Ungido, mas no momento este é distinto daquele.

Vivo constantemente desafiado por Jesus a não viver segundo o mundo, porque “o mundo passa e as suas concupiscências, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”

Decidi transformar a mim mesmo pela renovação da minha mente. Sou então incomodado a pensar diferente, a questionar “os absolutos da fé e da doutrina.” Sou motivado a repensar a teologia, sem medo de perder a Fé, porque a minha fé não é credo, uma confissão de Fé, mas confiança absoluta numa Pessoa, que é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus. Posso até perder a doutrina mas não perco o Evangelho. Posso rejeitar as declarações de fé e os credos sem rejeitar a Palavra que Deus exaltou até sobre Seu próprio Nome. O Evangelho, a Palavra, é uma Pessoa!

Não preciso simplesmente aceitar o que me dizem, principalmente se tem sido ensinado pela maioria dos pregadores. Verdade não é verdade porque a maioria resolveu interpretar como verdade. Porque se petrificou como verdade ou convencionou-se a chamar de verdade. As religiões mais fanáticas na terra são alimentadas por fundamentalismos que não podem jamais ser questionados, contraditados e nem sofrerem qualquer oposição sob risco de vida.

“Entendes tu o que lês?,” ainda é a pergunta de Filipe a todos que estão viajando na carruagem da vida. “Examinai tudo” ainda é a exortação de Paulo a todos os que tiveram a coragem de parar a carruagem para buscar respostas para os mistérios do Evangelho.

Decidi que vou crer somente naquilo que entendo. A Fé não é cega, irracional, “um salto no escuro”, porque a Fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus.

Decidi que continuarei confiando na Pessoa de Jesus mesmo não entendendo ainda muito, mesmo não tendo respostas para tudo, mesmo tendo que às vezes engulir em seco minhas dúvidas.

Neste exercício contínuo é tão bom reconhecer minha humanidade com todas as suas contradições, é tão bom saber que não sei tudo, que não posso tudo, que sou fraco como devo ser, sendo levado a este sentimento gostoso de dependência de Deus.

Decidi questionar, pensar e racionalizar até mesmo o que Deus me diz. Como uma criança questiona o Pai o que não entende. Porque o Pai ama dialogar com Seus filhos, se satisfaz em contemplar a inteligência deles, aquela medida de coragem e ousadia que têm em perguntar tudo o que querem, pois só assim experimentam a descoberta do que não sabem.

“Invoca-Me e Te responderei, anunciar-Te-ei coisas grandes e ocultas que não sabes.”. Resolvi, então, perguntar tudo o que quero e a descrer do que não entendo sem me sentir culpado.




segunda-feira, 19 de maio de 2008

A igreja subversiva e clandestina continua crescendo...


A igreja subversiva e clandestina continua crescendo... por Carlos Bregantim

Todos os dias, recebo notícias e testemunhos de cristãos que estão se reunindo, se encontrando fora dos chamados guetos evangélicos, católicos ou fora do sistema religioso institucionalizado. Há uma igreja clandestina crescendo. Nas estatísticas oficiais, eles são designados de "os sem igreja" Cristãos se encontrando informalmente para estudar e reler o evangelho de Jesus. Cristãos se reunindo para orar. Cristãos se encontrando para desenvolverem projetos sociais. Cristãos que se cansaram de defender as cores de suas denominações ou grupos religiosos, muitos, às vezes, sectários, radicais, inflexíveis. Cristãos feridos pelo sistema religioso que estão encontrando cura no serviço cristão. Cristãos se voluntariando em hospitais, asilos, creches, cadeias, favelas e em ONGS sérias que visam o bem da humanidade em todos os seus aspectos e necessidades.

Cristãos encontrando comunhão saudável em lugares os mais diversos. Cristãos se envolvendo em causas justas, não importando quem as iniciou, isto é, de quem foi a idéia. Cristãos cobeligerando em nome da paz, da justiça, do bem comum. Cristãos sendo apenas cristãos e não religiosos. Sabe-se que em países ainda repressivos, esta igreja clandestina e subversiva cresce. Cresce nos porões e misturada no meio do povo e em ações comunitárias absolutamente relevantes.

É impossível enumerar os cristãos que dizem estar melhor fora dos seus guetos religiosos. Confesso que noutros tempos isso me angustiava, mas, hoje; hoje não. Por conta do que se tornou o chamado "mercado religioso", hoje, confesso, prefiro ver o engajamento de muitos cristãos em movimentos comuns de rua, de cortiços, das favelas, de sem terra e sem tetos. Movimentos em favor da ética. Movimentos em favor da ecologia pensando no aquecimento global e no bem estar do mundo.

Gosto de saber que há meninos e meninas se encontrando em lugares públicos para ler o Evangelho, orar e desenvolver amizades espirituais. Gosto desta clandestinidade. Gosto desta subversividade. Gosto do sal diluído no meio da multidão. Gosto da luz em lugares que antes eram só trevas. Hoje, quando ouço os reclamos do interminável contingente de pessoas, queixando-se dos males que estão sofrendo em seus sistemas religiosos, em seus guetos evangélicos, em seus modelos de espiritualidades, confesso, não consigo mais encorajá-los a ficarem ali. Encorajo-os a encontrarem outros irmãos e se reunirem em algum lugar e ali celebrarem a fé, a amizade, o amor, a solidariedade, ler o Evangelho e buscar interpretá-lo e traduzi-lo pra vida.

Não consigo e nem quero mais participar de rodas em que o tema é os que estão explorando a boa fé de muitos. Cansei disto. Não tenho ânimo para insistir em denunciá-los, até porque a imprensa já o faz diariamennte tal o tamanho deste quadro que chega ser trágico. O ministério público tem feito. Na verdade, a maioria das situações denunciadas são casos de polícia e muitos estão sendo investigados, processados e presos. Acho que este é o caminho melhor, isto é, denunciá-los à justiça e deixar que esta os enquadre conforme as conclusões judiciais.

Penso que aos cristãos cabe apenas serem cristãos. Quem disse que era pra ser assim? Qual a instituição religiosa que Jesus organizou? Segundo o que entendo no Evangelho, não há mais lugar santo, nem dia santo, nem púlpito santo, nem encontros santos. Não há mais o clero que intermediava entre o homem e Deus. O véu do templo se rasgou e não apenas nós podemos chegar lá mas a Glória do Eterno vazou para nós.

Creio nesta igreja clandestina, subversiva, invisível, diluída no meio das pessoas. Creio nestes encontros simples. Creio nestas reuniões extra-oficiais. Hoje, não a razões para ficar aprisionado a um sistema religioso que sobrecarrega seus adeptos com cargas insuportáveis de dogmas, maldições, chantagens, coação, pressões psicológicas, espalhando somente o medo e o terror.

Minha palavra aos que reclamam disto é, porque você continua lá? O que te pende? Certamente não é Deus. Portanto, se não é Deus, quem é? Ou é o poder de persuasão de homens e mulheres que exercem tal domínio sobre muitos ou até mesmo de outra origem que nem quero aqui citar? Quero fazer parte desta igreja que cresce na clandestinidade, na subversidade, no anonimato, no meio do povo. Quero fazer parte desta igreja que se espalha, se dilui, e, como água, penetra os lugares impenetráveis. Quero essa igreja, que não tem sede e nem utensílios caros e muito menos um clero ditando o que deve ou não ser feito.

A resposta aos exploradores de almas e de bolsos será dada quando os cristãos deixarem de alimentá-los, sustentá-los, enriquecê-los, paparicá-los, louvá-los, exaltá-los, ovacioná-los. Parem de contribuir para seus projetos megalomaníacos de construir suas torres. Contribua com aqueles que, se você, seus filhos, seus pais e amigos estiverem num hospital, eles irão visitá-los. Contribua com os que visitam os presos em cadeias. Contribua com os que estão militando entre os necessitados e você sabe seus nomes, conhece suas famílias, sabe onde moram. Pare de contribuir com os que estão construindo mansões. Pare de contribuir com os que vivem voando pelos ares em seus jatos particulares. Parem de contribuir com aqueles que têm motoristas particulares e carros impostados pagos a preço de ouro e com as ofertas de gente simples. Pare de contribuir com aqueles que só usam roupas de marca.

Contribua com os que estão aconselhando seus filhos pessoalmente. Conhece-os pelos nomes. Contribua com aqueles que você pode ligar de madrugada e eles os atendem. Contribua com aqueles que você sabe o número do celular e quando você liga, eles atendem. Contribua com aqueles que lhes respondem os e-mails. Contribua com aqueles que te atendem em horas de desespero. Contribua com aqueles que foram nos funerais de seus familiares e choraram com você e sua família. Contribua com homens e mulheres que você já chegou perto e viu, testemunhou que são seres humanos normais.

Não contribua com semi-deuses. Contribua com aqueles que você pode tratar pelo primeiro nome. Tenho pra mim que esta é a melhor forma de denunciar e destronar estes que vivem da miséria de tantos. Se você faz parte de um pequeno grupo, uma pequena comunidade onde você é tratado com dignidade, pelo nome e o que ali é ensinado e feito, todos sabem e nada está debaixo dos tapetes, fique aí e contribua com seus recursos. Não contribua pra manter programas de rádio e televisão de ninguém a não ser que você tenha absoluta certeza que seus recursos de fato estão sendo investidos de maneira correta.

Contribua com aqueles a quem você tem acesso. Contribua com os que te ouvem. Contribua com os que te atendem. Contribua com gente que tem ouvidos e sensibilidade para com você e os seus próximos. É por isto que creio nesta igreja clandestina, subversiva, pois, ela pode não ser conhecida na mídia, mas, é conhecida nas ruas, nas favelas, nos guetos, nos hospitais, nos asilos, nas creches, nas escolas, nas cadeias, nas unidades da Febem, e em tantos outros lugares. Oro pra que esta igreja cresça. Oro pra que milhares de pequenos grupos sejam constituídos. Oro para que os movimentos como Caminho da Graça e outros nunca se institucionalizem a ponto de se tornarem tão pesados que não consigam mais atender as pessoas.

Oro, oro mesmo, pra que Jesus seja visto e conhecido em lugares simples, em encontros simples, no meio de gente simples e ali, Ele cure, restaure, reconcilie, reconstrua, salve, ressuscite, enfim, que Ele faça aquilo que só Ele pode fazer. Creio nesta igreja.


Quem questiona não é bem vindo na igreja


Quem questiona não é bem vindo na igreja

Brian McLaren
(Tradução: Jorge Camargo)

A diferença sempre foi vista com curiosidade ou estranheza. A cor de sua pele, por exemplo, pode tornar você um estranho em alguns cenários. Já seu poder aquisitivo ou sua educação têm a capacidade de fazer com que se destaque em determinados ambientes. Até mesmo seu estilo de adoração, a linha teológica que você adota ou sua preferência por algum partido político podem colocá-lo à margem – ou para além dela – em certos casos. A verdade é que ser, pensar, olhar ou agir de modo diferente da maioria pode empurrar determinado indivíduo para fora dos círculos sociais e religiosos.

Fato é que, nas nossas igrejas, sempre há uma pessoa, ou um grupo, que na maioria das vezes se sente diferente da maioria – e gente assim quase sempre é marginalizada. Dan Taylor, em The Myth of Certainty [O mito da certeza], chama essas pessoas de “cristãos reflexivos”. Os menos solidários classificam-nas como questionadoras da fé; e, muitas vezes, suas atitudes de inconformismo fazem com que se tornem desrespeitados em suas comunidades.

Como quase todos os protestantes sabem, no século 16 a Igreja Católica Apostólica Romana estava empolgada acerca da emissão das famigeradas indulgências. Elas eram alardeadas pelo clero como maneiras de reduzir o tempo das pessoas no purgatório através da doação de dinheiro ou bens à Igreja. Mas apesar da generalização de tal prática, muitas pessoas não se contiveram e questionaram o programa de indulgência proposto pelas autoridades eclesiásticas. Elas duvidaram do que a instituição sustentava com tamanha convicção, simplesmente porque aquilo não fazia sentido para esses cristãos questionadores. Se permanecessem em silêncio, iriam se sentir desonestos e frustrados; contudo, se levantassem suas questões, seriam vistos com desconfiança. Alguns desses questionadores, como Martinho Lutero se manifestaram e descobriram que cristãos reflexivos, já àquela altura, não tinham futuro na Igreja.

Aproximadamente cem anos mais tarde, Galileu Galilei olhou através de um telescópio certa noite e viu luas posicionadas como bailarinas em órbita de Júpiter. Logo percebeu que a Igreja estava errada ao sustentar a visão de mundo tradicional, geocêntrica, que havia herdado de Aristóteles e Ptolomeu. Infelizmente, quando passou a questionar abertamente a corrente majoritária, ele descobriu aquilo que Martinho Lutero já sentira na pele: cristãos reflexivos não eram bem-vindos à Igreja.

Uma história semelhante poderia ser contada acerca do célebre evangelista John Wesley, que duvidava daquilo que todos sabiam: que atividades sagradas, como a pregação, precisavam ser desenvolvidas em espaços sagrados, como púlpitos. Por discordar disso, ele foi à porta das minas de carvão do Reino Unido anunciar a salvação em Jesus a trabalhadores que não freqüentavam os templos. Poderíamos falar ainda de crentes reflexivos como Phineas Bresee, fundador dos Nazarenos, que duvidou que pessoas pobres devessem ser evitadas por cristãos honrados. E o que dizer de Menno Simons, o líder dos anabatistas, que discordava da voz corrente de que cristãos deveriam matar outros cristãos em nome de Cristo?

Questionadores contemporâneos, como o pastor Martin Luther King Jr e o bispo Desmond Tutu, duvidaram que a raça fosse um fator de comunhão, e enfrentaram forte oposição por isso. Já líderes como Bill Hybels ou Rick Warren, com suas propostas de uma nova eclesiologia, ou talvez você, com suas idéias ainda não devidamente expostas, também tendem a provocar certo desconforto devido a suas posturas... Os heróis que estudamos na história da Igreja começaram como cristãos reflexivos que duvidaram daquilo que todos consideravam ser o óbvio. Como conseqüência foram, em quase todos os casos, marginalizados. Quando comunidades habitualmente marginalizam ou excluem seus membros mais reflexivos – aqueles que fazem perguntas difíceis sobre coisas que são completamente basilares para a maioria –, é claro que os que são estigmatizados acabam feridos.

A comunidade que exclui, no entanto, também é ferida, porque ao agir assim corta da própria pele recursos de crescimento e de renovação. Além disso, constrói resistências exatamente para aquilo que em breve será necessário, o que deixa no ar uma pergunta urgente: quem são os cristãos reflexivos, que talvez sintam que já estão com a camada de gelo bem fina nas margens, ou seja, prestes a serem marginalizados por completo? E o que seria necessário para dizer-lhes que eles são queridos, necessários e respeitados, que a sua diferença não é um problema a ser resolvido por meio da pressão para que se amoldem, mas que sua atitude questionadora é um recurso?

Aqui vai uma sugestão: que esses cristãos reflexivos sejam ouvidos! Tentemos entender suas perguntas, frustrações e novas idéias, mesmo que não concordemos com suas inquietações. Sejamos atenciosos, dando-lhes espaço para serem quem são, mesmo se pensam diferente da maioria. Às vezes, talvez seja preciso se posicionar entre eles e seus críticos mais contundentes a fim de defendê-los das forças que mantêm as fronteiras e promovem a exclusão. Um coração bondoso e um ouvido disposto a escutar podem manter os cristãos reflexivos dentro da comunidade – e, se a renovação vier das margens, como quase sempre parece ser o caso, então, ao amputarmos essas nossas margens, fazemos aquilo que os chefes dos sacerdotes e escribas fizeram quando uma voz necessária apareceu às margens de sua comunidade. Será que estamos escutando seu clamor?

Fonte: Cristianismo Hoje.
http://www.praxiscrista.blogspot.com/

domingo, 18 de maio de 2008

sábado, 17 de maio de 2008

sexta-feira, 16 de maio de 2008

O Evangelho dos Evangélicos




O Evangelho dos Evangélicos
Ed René Kivitz


“Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.” [Jesus Cristo]

Estou convencido de que um é o evangelho dos evangélicos, outro é o evangelho do reino de Deus. Registro que uso o termo "evangélico" para me referir à face hegemônica da chamada igreja evangélica, como se apresenta na mídia radiofônica e televisiva.

O evangelho dos evangélicos é estratificado. Tem a base e tem a cúpula. Precisamos falar com muito cuidado da base, o povo simples, fiel e crédulo. Mas precisamos igualmente discernir e denunciar a cúpula. A base é movida pela ingenuidade e singeleza da fé; a cúpula, muita vez é oportunista, mal intencionada, e age de má fé. A base transita livremente entre o catolicismo, o protestantismo e as religiões afro. A base vai à missa no domingo, faz cirurgia em centro espírita, leva a filha em benzedeira, e pede oração para a tia que é evangélica. Assim é o povo crédulo e religioso. Uma das palavras chave desta estratificação é "clericalismo": os do palco manipulando os da platéia, os auto-instituídos guias espirituais tirando vantagem do povo simples, interesseiro, ignorante e crédulo.

A cúpula é pragmática, e aproveitam esse imaginário religioso como fator de crescimento da pessoa jurídica, e enriquecimento da pessoa física. Outra palavra chave é "sincretismo". A medir por sua cúpula, a igreja evangélica virou uma mistura de macumba, protestantismo e catolicismo. Tem igreja que se diz evangélica promovendo "marcha do sal": você atravessa um tapete de sal grosso, sob a bênção dos pastores, e se livra de mal olhado, dívida, e tudo que é tipo de doença. Já vi igreja que se diz evangélica distribuir cajado com água do Jordão (i.é, um canudo de bic com água de pia), para quem desejasse ungir o seu negócio, isto é, o seu business. Lembro de assistir a um programa de TV onde o apresentador prometia que Deus liberaria a unção da casa própria para quem se tornasse um mantenedor financeiro de sua igreja.
O povo religioso é supersticioso e cheio de crendices. Assim como o Brasil. Somos filhos de portugueses, índios, africanos, e muitos imigrantes de todo canto do planeta. Falar em espíritos na cultura brasileira é normal. Crescemos cheios de crendices: não se pode passar por baixo de escada; gato preto dá azar; caiu a colher, vem visita mulher, caiu garfo, vem visita homem; e outras tantas idéias sem fundamento. Somos assim, o povo religioso é assim. Tem professor de universidade federal dando aula com cristal na mão para se energizar enquanto fala de filosofia.

E a cúpula evangélica aproveita a onda e pratica um estelionato religioso: oferece uma proposta ritualística que aprisiona, promove a culpa e, principalmente, ilude, porque promete o que não entrega. Aliás, os jornais começam a noticiar que os fiéis estão reivindicando indemnizações e processando igrejas por propaganda enganosa.

O evangelho dos evangélicos é estratificado. A base é movida pela ingenuidade e singeleza da fé, e a cúpula é oportunista. A base transita entre o catolicismo, o protestantismo e as religiões - afras, e a cúpula é pragmática. A base é cheia de crendices e a cúpula pratica o estelionato religioso.

O evangelho dos evangélicos é mercantilista, de lógica neoliberal. Nasce a partir dos pressupostos capitalistas, como, por exemplo, a supremacia do lucro, a tirania das relações custo-benefício, a ênfase no enriquecimento pessoal, a meritocracia – quem não tem competência não se estabelece. Palavra chave: prosperidade. Desenvolve-se no terreno do egocentrismo, disfarçado no respeito às liberdades individuais. Palavra chave: egoísmo. Promove a desconsideração de toda e qualquer autoridade reguladora dos investimentos privados, onde tudo o que interessa é o lucro e a prosperidade do empreendedor ou investidor. Palavra chave: individualismo. Expande-se a partir da mentalidade de mercado. Tanto dos líderes quanto dos fiéis. Os líderes entram com as técnicas de vendas, as franquias, as pirâmides, o planejamento de faturamento, comissões, marketing, tudo em favor da construção de impérios religiosos. Enquanto os fiéis entram com a busca de produtos e serviços religiosos, estando dispostos inclusive a pagar financeiramente pela sua satisfação. Em síntese, a religião na versão evangélica hegemônica é um negócio.

O sujeito abre sua micro-empresa religiosa, navega no sincretismo popular, promete mundos e fundos, cria mecanismos de vinculação e amarração simbólicas, utiliza leis da sociologia e da psicologia, e encontra um povo desesperado, que está disposto a pagar caro pelo alívio do seu sofrimento ou pela recompensa da sua ganância.

Em terceiro lugar, o evangelho dos evangélicos é mágico. Promove a infantilização em detrimento da maturidade, a dependência em detrimento da emancipação, e a acomodação em detrimento do trabalho.

Pra ser evangélico você não precisa amadurecer, não precisa assumir responsabilidades, não precisa agir. Não precisa agregar virtudes ao seu caráter ou ao processo de sua vida. Primeiro porque Deus resolve. Segundo porque se Deus não resolver, o bispo ou o apóstolo resolvem. Observe a expressão: "Estou liberando a unção". Pensando como isso pode funcionar, imaginei que seria algo como o apóstolo ou bispo dizendo ao Espírito Santo: "Não faça nada por enquanto, eles não contribuíram ainda, e eu não vou liberar a unção".

Existe, por exemplo, a unção da superação da crise doméstica. Como isso pode acontecer? A pessoa passa trinta anos arrebentando com o seu casamento, e basta se colocar sob as mãos ungidas do apóstolo, que libera a unção, e o casamento se resolve. Quem não quer isso? Mágica pura.

O sujeito é mau-caráter, incompetente para gerenciar o seu negócio, e não gosta de trabalhar. Mas basta ir ao culto, dar uma boa oferta financeira, e levar para casa um vidrinho de óleo de cozinha para ungir a empresa e resolver todos os problemas financeiros.

Essa postura de não assumir responsabilidades, de não agir com caráter, e esperar que Deus resolva, ou que o apóstolo ou bispo liberem a unção tem mais a ver com pensamento mágico do que com fé.

Em quarto lugar, o evangelho dos evangélicos tem espírito fundamentalista. Peço licença para citar Frei Beto: "O fundamentalismo interpreta e aplica literalmente os textos religiosos, não sabe que a linguagem simbólica da Bíblia, rica em metáforas, recorre a lendas e mitos para traduzir o ensinamento religioso." O espírito fundamentalista é literalista, e o mais grave é que o espírito fundamentalista se julga o portador da verdade, não admite críticas, considerações ou contribuições de outras correntes religiosas ou científicas.

Quem tem o espírito fundamentalista não dialoga, pois considera infiéis, heréticos, ou, na melhor das hipóteses, equivocados sinceros, todos os que não concordam com seus postulados, que não são do mesmo time, e não têm a mesma etiqueta. Quem tem o espírito fundamentalista se considera paradigma universal. Dialoga por gentileza, não por interesse em aprender. Ouve para munir-se de mais argumentos contra o interlocutor. Finge-se de tolerante para reforçar sua convicção de que o outro merece ser queimado nas fogueiras da inquisição. Está convencido de que só sua verdade há de prevalecer.

Mais uma vez Frei Beto: "o fundamentalista desconhece que o amor consiste em não fazer da diferença, divergência". Por causa do espírito fundamentalista, o evangelho dos evangélicos é sectário, intolerante, altamente desconectado da realidade. O evangelho dos que têm o espírito do fundamentalismo é dogmático, hermético, fechado a influências, e, portanto, é burro e incoerente.

Em quinto lugar, o evangelho dos evangélicos é um simulacro. Simulacro é a fotografia mais bonita que o sanduíche. Não me iludo, o evangelho dos evangélicos é mais bonito na televisão do que na vida. As promessas dos líderes espirituais são mais garantidas pela sua prepotência do que pela sua fé. Temos muitos profetas na igreja evangélica, mas acredito que tenhamos muito mais falsos-profetas. Os testemunhos dos abençoados são mais espetaculares do que a realidade dos cristãos comuns. De vez em quando (isso faz parte da dimensão masoquista da minha personalidade) fico assistindo estes programas, e penso que é jogada de marketing, testemunho falso. Mas o fato é que podem ser testemunhos por amostragem. Isto é, entre os muitos que faliram, há sempre dois ou três que deram certo. O testemunho é vendido como regra, mas na verdade é apenas exceção.

A aparência de integridade dos líderes espirituais é mais convincente na TV e no rádio do que na realidade de suas negociatas. A igreja evangélica esta envolvida nos boatos com tráficos de armas, lavagem de dinheiro, acordos políticos, vendas de igrejas e rebanhos, imoralidade sexual, falsificação de testemunho, inadimplência, calotes, corrupção, venda de votos.

A integridade do palco é mais atraente do que a integridade na vida. A fé expressa no palco, e nas celebrações coletivas é mais triunfante, do que a fé vivida no dia a dia. Os ideais éticos, e os princípios de vida são mais vivos nos nossos guias de estudos bíblicos e sermões do que nas experiências cotidianas dos nossos fiéis. Os gabinetes pastorais que o digam: no ambiente reservado do aconselhamento espiritual a verdade mostra sua cara.

Estratificado, mágico, mercantilista, fundamentalista, e simulacro. Eis o evangelho dos "evangélicos".






quinta-feira, 15 de maio de 2008

Classificação de países por perseguição 2008

Os 10 países onde há mais perseguição aos cristãos


Confira em detalhes a realidade dos 10 países onde há mais perseguição aos cristãos, conforme a Classificação de países por perseguição 2008, elaborada pela Portas Abertas.

1. Coréia do Norte

A Coréia do Norte está no topo da lista pela sexta vez consecutiva. O governo trata de forma dura todos os oponentes, incluindo as pessoas envolvidas em práticas religiosas. O culto à personalidade desenvolveu-se em torno do líder do país, Kim Jong Il, e de seu pai, falecido há pouco tempo, e presidente fundador, Kim Il Sung. A população norte-coreana está separada e isolada do resto do mundo e depende do regime para suprir suas necessidades.

Os norte-coreanos têm uma percepção muito difundida de que o cristianismo é “um elemento ruim” nesse país socialista. As autoridades norte-coreanas perseguem e matam brutalmente o povo de Deus. Os cristãos são espancados, presos, torturados ou mortos por causa de sua crença religiosa. Nossa fonte de informações estima que o número de cristãos clandestinos é de, pelo menos, 200.000, e é provável que haja de 400.000 a 500.000 cristãos na Coréia do Norte.

Pelo menos, um quarto dos cristãos está preso em campos de prisioneiros políticos por causa da fé, lugares de onde raramente as pessoas saem vivas. A Coréia do Norte e a China freqüentemente promovem batidas com a finalidade de prender refugiados e aqueles que os ajudam. Entretanto, os cristãos são corajosos e sonham com a reabertura das igrejas de seus antepassados.

2. Arábia Saudita

Na Arábia Saudita, governada pela sharia, a condição deplorável da liberdade religiosa permaneceu, de modo geral, inalterada em 2007. A apostasia (conversão para outra religião), nesse reino em que se aplica a interpretação rigorosa da lei islâmica, é punida com a morte, se o acusado não se retratar. Não houve relatos de execuções por apostasia em 2007.

O culto público não-mulçumano é proibido. Os fiéis não-mulçumanos que se envolvem nessas atividades correm o risco de sofrer detenção, prisão, açoitamento, deportação e, às vezes, tortura. Em 2007, como nos anos anteriores, diversos cristãos foram presos por seu envolvimento em atividades religiosas.


3. Irã

O islamismo é a religião oficial do Irã, e todas as leis e regulamentações são consistentes com a interpretação oficial da lei sharia. Embora os cristãos sejam uma minoria religiosa reconhecida que tem a liberdade religiosa garantida, eles relatam prisões, assédio e discriminação por causa da fé. Permite-se que a igreja armênia e a assíria ensinem os irmãos do campo na língua deles, mas é proibido ministrar para ex-mulçumanos (na língua farsi).

Sob as severas leis iranianas de apostasia, qualquer mulçumano que deixe o islamismo e abrace outra religião enfrenta a pena de morte. O culto de muitas igrejas é monitorado pela polícia secreta. Os cristãos que são ativos nas igrejas ou no movimento dos grupos de células são pressionados. Eles são interrogados, detidos e, às vezes, presos e espancados.

Indivíduos cristãos são oprimidos pela sociedade e pressionados pelas autoridades. Eles têm dificuldade em encontrar e manter um emprego e são despedidos com facilidade quando se torna conhecido que são cristãos. Também em 2007, os líderes de igrejas domésticas e cristãos ex-mulçumanos foram presos e interrogados por exercer atividades religiosas na privacidade de sua casa.


4. República das Maldivas

No arquipélago da República das Maldivas, o islamismo é a religião oficial do Estado, e todos os cidadãos devem ser mulçumanos. A lei sharia é observada, lei essa que proíbe a conversão do islamismo para outra religião. O convertido pode perder a cidadania. É proibido praticar qualquer outra religião que não o islamismo, pois se considera essa religião um importante instrumento para estimular a união nacional e para manter o poder do governo.

Por isso, é impossível abrir alguma igreja, embora permitam que os estrangeiros pratiquem sua religião em particular, desde que não encorajem a participação dos cidadãos. Não se pode importar Bíblias e outros materiais cristãos, exceto apenas uma cópia para uso pessoal. No país — um dos menos evangelizados da terra —, há apenas um punhado de cristãos nativos, e eles vivem sua fé em total segredo por causa do controle social onipresente praticado por outros maldívios. A falta de respeito pela liberdade religiosa permaneceu a mesma na República das Maldivas durante o ano de 2007.

O governo, após ataques a bomba contra embaixadas ocidentais, tomou atitudes ativas para refrear o islamismo radical. Em dezembro de 2007, houve um atentado fracassado contra a vida do presidente Gayoom. Os principais suspeitos, mais uma vez, eram extremistas mulçumanos. Este ano, não houve relato de cristãos nativos presos nem de cristãos que tenham sido deportados do país.

5. Butão

O budismo mahayana é a religião oficial do reino himalaio do Butão. Um líder-chave diz que há, aproximadamente, 13.000 cristãos butaneses no país. Oficialmente, a fé cristã não existe, e os cristãos não têm permissão para orar nem para celebrar sua fé em público. Os cristãos podem se reunir em família, mas não coletivamente com outras famílias cristãs. Nega-se visto de entrada no país para trabalhadores religiosos.

As crianças cristãs são aceitas nas escolas, mas enfrentam discriminação quando descobrem que são cristãs, e há pressão constante para participar de festivais religiosos budistas.

É quase impossível para os estudantes cristãos chegar ao ensino superior. Para os cristãos com emprego no governo, a discriminação também é um problema, já que há casos de cristãos demitidos de empregos no governo apenas por causa de sua fé. Baniu-se a importação de material religioso impresso, e apenas os textos religiosos budistas são permitidos no país.

A perseguição vem principalmente da família, da comunidade e dos monges, que têm grande influência na sociedade. Alguns trabalhadores cristãos no governo enfrentam a discriminação, mas ela não é extrema. São esporádicos os casos de atrocidades (ou seja, de espancamento). A perseguição é principalmente na forma de pressão para tornar a se converter ao budismo, e as principais fontes de pressão são a família e a comunidade.


6. Iêmen

A constituição iemenita garante liberdade religiosa, mas também declara que o islamismo é a religião oficial e que a lei sharia é a origem de toda legislação. O governo iemenita dá alguma liberdade para que os exilados vivam sua fé; todavia, os cidadãos iemenitas não podem se converter ao cristianismo (nem a outras religiões).

Os ex-muçulmanos convertidos a outra fé podem enfrentar a pena de morte se forem descobertos. É proibida a conversão de mulçumanos. Durante o ano passado, diversos cristãos convertidos foram presos e feridos fisicamente por causa de sua fé. No Iêmen, em 2007, não houve grande mudança em relação à falta de liberdade religiosa dos cristãos.


7. Afeganistão

O Afeganistão é uma república islâmica sem igrejas e com uma população cristã de cerca de 0,01%. O país, após a dominação dos mulçumanos fundamentalistas, é agora governado por uma coalizão. Ainda há muita anarquia, e o governo central não controla todo o país.

A violência ocorre com freqüência, e parece que a resistência mulçumana fundamentalista ganha força e confiança. A liberdade religiosa declarada na constituição da nação continua a representar uma contradição, à medida que a lei islâmica é elevada à lei da terra.

Embora a constituição garanta liberdade religiosa para os não-mulçumanos, a mesma constituição proíbe leis que sejam “contrárias às crenças e às prescrições da religião sagrada do islamismo”. Os cristãos têm de ser muito cautelosos. Os estrangeiros pegos violando as regras são presos e, em geral, deportados. Os afegãos que se entregam a Cristo, com freqüência, são pressionados pela família e pela sociedade para seguir as normas culturais do islamismo.

Os convertidos a Cristo sofrem contínuos abusos e intimidações verbais, espancamento, perda do emprego, prisão e, às vezes, até morte. Alguns têm de fugir do país para salvar a vida. Em 19 de julho de 2007, forças rebeldes talibãs raptaram um grupo de 23 cristãos sul-coreanos que prestavam serviço para ajudar a comunidade. Muitos foram pressionados a se converter ao islamismo e, quando se recusaram, foram espancados. Dois deles foram executados. Depois, o restante do grupo foi libertado e deportado para a Coréia do Sul.


8. Laos

O Laos é um Estado comunista com cerca de 100.000 a 120.000 protestantes e cerca de 45.000 católicos. Embora tenha havido algum progresso em áreas do sul (por exemplo, na província de Attapeu), a atitude do Estado em relação aos cristãos continua a piorar em diversas áreas do norte do país, em especial, com referência aos cristãos hmong. O ano de 2007 foi único, à medida que o governo mostrou ter duas faces.

De um lado, eles mostram seu desagrado com a igreja e continuam a considerar os cristãos inimigos do Estado, em especial, ao serem passivos em relação às autoridades das províncias e distritos que continuam a restringir os direitos das minorias religiosas e étnicas.

As autoridades laosianas permitem a presença limitada do cristianismo e trazem os líderes sob estreita vigilância. O regime limita o número de igrejas e fecha igrejas, principalmente, nas zonas rurais. A igreja do Laos experimenta a pressão social contra convertidos que renunciam à adoração de espíritos malignos, a vigilância em todas as esferas por parte do Estado e o controle da sociedade.

Ainda há muita atividade não registrada, e a igreja parece crescer, a despeito da perseguição. Em julho de 2007, ocorreu sanção severíssima contra os cristãos na vila de Ban Sai Jarern, província de Bokeo. Treze cristãos foram mortos, casas atacadas, e dezenas de cristãos, presos. Conforme sabemos, no Laos, 21 cristãos ainda estão na prisão, e a maioria deles nunca foi julgada.


9. Uzbequistão

No ano de 2007, continuaram as restrições e a perseguição aos cristãos no Uzbequistão. O governo aprovou uma legislação que proíbe, ou restringe muitíssimo, atividades como conversão, importação e disseminação de literatura religiosa e instrução religiosa particular. A lei proíbe ter mais de uma cópia de um livro cristão, até mesmo da Bíblia. As igrejas, para funcionar, têm de obter registro, o que é muito difícil de conseguir.

Como há poucas igrejas registradas, muitos cristãos têm de se reunir em casa e em segredo, sob a constante ameaça de prisão por atividade religiosa ilegal. As batidas policiais são comuns e, com freqüência, levam à prisão, ao espancamento e até mesmo à tortura de cristãos, bem como à destruição da literatura cristã e de outros materiais cristãos que tenham.

Os cristãos uzbeques, em especial, sofrem pressão para se converter ao islamismo. A mídia promove com regularidade debates contra os cristãos, e isso faz com que aumente a intolerância da sociedade. Foi organizada uma caçada nacional para prender um líder cristão do Karakalpaquistão (na região noroeste do Uzbequistão).

Em março de 2007, o pastor de uma igreja carismática de Andijon foi sentenciado a quatro anos em um campo de trabalhos forçados. Outro cristão protestante foi sentenciado a dois anos de trabalho para o Estado em liberdade condicional, e a pena depois foi reduzida para um ano de condicional e trabalho para o Estado —, e 20% de seu salário foi direcionado para o Estado. Em dezembro de 2007, por ocasião da reeleição do presidente Karimov, ele foi anistiado.


10. China

A China é um país grande com muitas contradições. Há cristãos que têm a liberdade de culto restrita, mas também há áreas em que a situação não é tão fechada. Algumas sanções severas do governo contra os cristãos foram motivadas pelas preparações para os Jogos Olímpicos, que vão acontecer em agosto de 2008, e não por motivos anticristãos.

O governo quer garantir que não haja nenhuma instabilidade durante o ano de 2008. A forma como eles querem realizar isso difere de uma área para outra e de uma situação para outra. Algumas vezes, usaram de cortesia sem precedentes, mas também há relatos de invasão de igrejas não registradas e de prisões. Um número sem precedentes de estrangeiros cristãos que vivem como missionários na China foi expulso do país em 2007.Em 2007, muitas igrejas não registradas foram invadidas, e cristãos presos; o governo, em alguns casos, usou de violência física contra os cristãos. Embora a situação na China seja diferente de uma região para outra, muitos cristãos continuam a ter dificuldade em praticar sua fé.


Confira a Classificação de países por perseguição 2008


A Coréia do Norte se mantém no topo da lista de Classificação de países por perseguição da Portas Abertas pelo sexto ano consecutivo. Não há nenhum outro país no mundo onde os cristãos estejam sendo perseguidos de modo tão horrível.

A Arábia Saudita se mantém no segundo lugar, seguida de perto pelo Irã. Em quarto lugar estão as Maldivas. O islã é a religião majoritária em seis dentre os 10 primeiros: Arábia Saudita, Irã, Maldivas, Afeganistão, Iêmen e Uzbequistão.

Três países têm os governos comunistas: Coréia do Norte, Laos e China. O Butão é o único país budista dentre os 10 países mais perseguidores. A novidade na lista é o aparecimento da Palestina, onde um cristão foi assassinado e vários outros foram presos, interrogados e agredidos por causa da fé em Jesus. O Nepal, que deixou de ser uma nação hindu, saiu da lista.

Na quinta posição está o Butão, que subiu algumas posições nos últimos sete anos, principalmente porque a Somália e o Iêmen tiveram uma diminuição na perseguição. Em sexto vem o Iêmen, cuja posição não mudou apesar de haver uma pequena queda na perseguição.

O Afeganistão subiu, do décimo lugar para o sétimo por causa de vários incidentes registrados em 2007 contra cristãos. A situação da liberdade religiosa no Laos mudou pouco, apenas uma posição, do nono para o oitavo. Dois novos países entraram nos dez mais: Uzbequistão e China.


Quadro mais grave

O estado de liberdade religiosa para os cristãos se deteriorou em 2007 na Coréia do Norte, Afeganistão, Paquistão, Líbia, Jordânia, Belarus e nos territórios palestinos. Até mesmo mais cristãos foram presos na Coréia do Norte em 2007; muitos foram espancados, presos, torturados, ou mortos por causa de suas convicções religiosas no reino de ermitão.

No Afeganistão, o principal incidente foi o seqüestro de 23 cidadãos sul-coreanos em julho de 2007, que deu ao país uma posição pior do que em 2006, além de outros incidentes que também contribuíram para isso.

No Paquistão, a influência de fanáticos muçulmanos nas forças de segurança e na polícia aumentou. Isso significa que os cristãos, em geral, estão sendo mais observados do que antes. Aumentou o número de ataques contra igrejas, casas cristãs e outros lugares nos quais os cristãos se reúnem.


A Palestina é nova na Classificação. Lá, um cristão foi assassinado e outros foram presos, interrogados e agredidos por causa da fé cristã.

Houve mudanças para melhor na Somália, no Vietnã, em Mianmar, na Etiópia, na Colômbia e no Nepal. A maioria deles tem tido uma melhora considerável na liberdade religiosa.


Classificação de países por perseguição
1º semestre 2008


1 Coréia do Norte
2 Arábia Saudita
3 Irã
4 Maldivas
5 Butão
6 Iêmen
7 Afeganistão
8 Laos
9 Uzbequistão
10 China
11 Eritréia
12 Somália
13 Turcomenistão
14 Comores
15 Paquistão
16 Catar
17 Vietnã
18 Chechênia
19 Egito
20 Zanzibar
21 Iraque
22 Azerbaijão
23 Líbia
24 Mauritânia
25 Myanmar
26 Sudão (Norte)
27 Omã
28 Cuba
29 Brunei
30 Índia
31 Argélia
32 Nigéria (Norte)
33 Djibuti
34 Turquia
35 Kuweit
36 Sri Lanka
37 Tadjiquistão
38 Emirados Árabes Unidos
39 Jordânia
40 Marrocos
41 Belarus
42 Palestina
43 Etiópia
44 Síria
45 Barein
46 Tunísia
47 Indonésia
48 Bangladesh
49 Quênia
50 Colômbia




Transição e melhora

De acordo com a Classificação de países por perseguição da Portas Abertas, o número total de pontos da Somália, Vietnã, Birmânia, Etiópia, Colômbia e Nepal decresceu de forma considerável.

No caso do Vietnã, Colômbia e Nepal, isso aconteceu por causa de uma melhora, em 2007, na condição da liberdade religiosa para os cristãos. Esse decréscimo, no caso da Somália, Birmânia, Colômbia e Etiópia, foi apenas o resultado da ausência, ou diminuição considerável, de incidentes contra cristãos durante o ano passado.

Embora, no decorrer de 2006, tenhamos recebido confirmação de que, na Somália, diversos cristãos foram mortos, feridos fisicamente e alguns seqüestrados por causa de sua fé, esse não foi o caso em 2007. Todavia, o islamismo é a religião nacional e há forte pressão social para que se respeite a tradição islâmica, em especial, em certas áreas rurais do país.

Vietnã

O Vietnã está em transição. Denominações inteiras e diversas igrejas domésticas receberam permissão para se reunir ou registro de funcionamento. A igreja desfruta de liberdade que não tinha havia décadas. Contudo, nem tudo está bem até o momento. Ainda há prisioneiros religiosos, e pelo menos um cristão foi morto. As áreas tribais sofrem maior grau de restrição se comparada com as urbanas. Apesar de tudo, a situação melhorou de forma marcante.

Mianmar

Em Mianmar (ex-Birmânia ou Burma), o número de cristãos presos foi menor que em 2006. A maioria dos cristãos manteve distância das demonstrações pró-democracia de setembro de 2007, quando o regime reagiu duramente para sufocar essas demonstrações.

Etiópia

Na Etiópia, em 2007, o número de cristãos mortos por causa da fé foi consideravelmente mais baixo que em 2006, como também o número de cristãos forçados a fugir e o de ataques a lugares de culto ou lares cristãos. Em algumas regiões, os cristãos ainda arriscam a vida quando compartilham publicamente sua fé. Em outras regiões, a igreja tem muito mais liberdade.

Colômbia

Recebemos menos relatórios sobre prisões e assédio de cristãos na Colômbia e, também, a apresentação dos cristãos protestantes na mídia não foi tão negativa como era antes.

Benção: Nepal deixa a lista

O Nepal saiu da classificação de países por perseguição. Em janeiro de 2007, o país aprovou uma nova constituição em que apenas o proselitismo permanece proibido. O país não é mais um reino hindu, tornou-se um Estado secular que logo abolirá a monarquia. Os cristãos desfrutam de muitas novas liberdades, e a igreja do Nepal cresce com rapidez


Informação adicional

O arquipélago de Zanzibar é novo na lista. É a primeira vez que recebemos um questionário sobre esse país, e o conteúdo indica que a situação para os cristãos é bastante séria. As ilhas de Zanzibar fazem parte da Tanzânia. Enquanto a Tanzânia continental é predominantemente cristã, e sua constituição estabelece a liberdade religiosa, 97% da população de Zanzibar é mulçumana, com um elemento extremista muito ativo.

O arquipélago de Zanzibar é composto de três ilhas: Unguja (a ilha principal), Tumbatu e Pemba. A Igreja de Zanzibar, em geral, enfrenta problemas em áreas como registro de igrejas, compra de propriedade, educação e emprego. Em 2007, quatro igrejas foram queimadas, diversos pastores presos sob falsas acusações e diversos ex-mulçumanos foram seqüestrados por mulçumanos.

Durante 2007, muitos ex-mulçumanos e alguns pastores foram feridos fisicamente por causa de sua fé. Nosso colaborador na região afirma que o elemento muçulmano extremista continua a crescer nas ilhas e causa muitos problemas para os cristãos.

Por causa do aumento da perseguição em todo lugar, o México, embora ocupe a mesma posição há muito tempo na Classificação de países por perseguição, saiu da lista por permanecer no mesmo patamar no último ano.

Como é feita a Classificação

A Classificação de países por perseguição [WWL] é compilada a partir de um questionário de 50 perguntas especialmente elaborado para cobrir vários aspectos da liberdade religiosa. A pontuação de cada pergunta depende da resposta dada. O número total de pontos de cada país determina sua posição na classificação de países por perseguição.

As perguntas fazem distinção entre a condição legal e oficial dos cristãos (por exemplo: a constituição e/ou leis nacionais garantem a liberdade de religião?; a lei permite que os indivíduos se convertam ao cristianismo?) e a situação real dos cristãos (os cristãos são mortos por causa de sua fé?; os cristãos são sentenciados à prisão, campo de trabalhos forçados ou são enviados para hospital psiquiátrico por causa de sua fé?).

Presta-se atenção ao papel da Igreja na sociedade (os cristãos têm liberdade de imprimir e distribuir literatura cristã?; as publicações cristãs são censuradas/proibidas nesse país?), e aos fatores que podem obstruir a liberdade de religião no país (os lugares de reunião dos cristãos e/ou suas casas são atacadas por causa de motivos anticristãos?).

A coluna “variação” fornece uma indicação de quão certos estamos a respeito da informação obtida. Às vezes, a informação não é confirmada ou está incompleta. Nesses casos, a “variação” sobe. Por essa razão, talvez alguns países recebam uma posição mais baixa na lista por causa da indisponibilidade de informação completa a respeito dele.




Fonte: http://www.portasabertas.org.br/

Saiba mais sobre a Igreja Perseguida

Igreja Perseguida

Um em cada 10 cristãos no mundo está sujeito a restrições severas ou vivendo em estado de guerra. E para eles não há sinais de melhora. Pelo contrário: a ofensiva contra a liberdade religiosa, o conflito ideológico e a imposição a outros credos está ganhando força em todo o mundo. Nos dias de hoje, especialmente nas nações livres, a perseguição assume ares tanto explícitos quanto sutis.
Atualmente, vários países vivem intensos conflitos religiosos. No Iraque, ataques suicidas de homens-bombas motivados por princípios do fundamentalismo islâmico. Outro exemplo é a Nigéria, que em 2006 teve um confronto entre cristãos e mulçumanos que resultou na morte de 150 pessoas em apenas uma semana. Mas não é de hoje que este problema assola o mundo. As Cruzadas, por exemplo, aconteceram do século 6 ao 8 e tinham como objetivo impor o cristianismo na Terra Santa (Palestina).

Conflitos e tensões

Uma das acusações mais comuns feitas às religiões é que elas causam mais violência do que paz. Por essa ótica, o mundo seria um lugar melhor sem elas e suas rixas. Há alguma verdade nisso. As divisões religiosas atravessam continentes, épocas e ainda hoje influenciam a política, a economia e as comunidades.

Debates históricos, guerras, lutas e disputas internas criaram os mapas contemporâneos do mundo e o fizeram de modo que poucos se deram conta. Por exemplo, a União Européia, "cristã", surgiu da vivência das invasões muçulmanas nos séculos 14-17 e da ocupação de parte da Europa oriental pelo islã até o século 20.

Os violentos conflitos no Iraque têm suas raízes na dissidência entre muçulmanos sunitas e xiitas, no século 7, e lutas no Sudão, Etiópia e Nigéria remontam em certas áreas ao século 10.

Perseguição sem precedentes

A violência, contudo, não vem apenas do lado da religião. Nos últimos 100 anos, as principais religiões foram mais perseguidas do que em qualquer outro período histórico. E, na maioria dos casos, trata-se não de religião perseguindo religião, mas de ideologia perseguindo religião.

Isso abrange desde as investidas da revolução socialista de 1924 no México contra o poder, as terras e, por fim, o clero e os edifícios da Igreja Católica até as agressões aos bahaístas no Irã, a partir da década de 1970, passando pela repressão a todas as religiões na URSS, pelo extermínio dos judeus no nazismo e pela agressão maciça a toda religiosidade na China da Revolução Cultural.

Infelizmente, as zonas de tensão se mantêm: na medida em que as religiões se recuperam da perseguição, alguns reiniciam suas próprias perseguições. Entretanto, o tempo e a vivência dos últimos 100 anos, mais o impacto dos movimentos ecumênicos e multiconfessionais, começaram a mudar muitos grupos religiosos, e, nesses casos, as velhas divisões e inimizades foram se desvanecendo.

Divisões históricas, várias delas com séculos de existência, criadas por diferenças na crença e na prática religiosa, estão na origem de muitas das tensões e conflitos atuais.

No Iraque, a cisão entre sunitas e xiitas, remontando à segunda metade do século 7, nutre a guerra civil que tanto afeta o país desde a queda de Saddam Hussein (2003). A tensa linha divisória entre o islã e a cristandade na Europa oriental e no Cáucaso é ilustrada pela controversa candidatura turca à União Européia. E a cisão entre católicos, luteranos e russo-ortodoxos ainda repercute na Europa e na Rússia.

Algumas linhas divisórias, como o litoral suaíli (África oriental), se tornaram mais regiões de diferença cultural que fontes de tensão. Já outros choques, muito antigos, como entre cristãos, hindus e muçulmanos na Indonésia, ressurgiram onde, poucos anos atrás, essas comunidades viviam lado a lado.

Ideologias X religião

A religião é freqüentemente criticada com o argumento de que a maioria das guerras surge de tensões e discordâncias confessionais. Isso pode ter sido verdade nos séculos passados (embora tal afirmação seja extremamente discutível), mas certamente não foi o caso nos últimos 100 anos, quando a religião é que se viu violentamente perseguida por ideologias temporais.

O comunismo, o fascismo, o socialismo e o nacionalismo, todos eles, encararam a religião como a maior ameaça ao projeto que tinham para criar novas sociedades, pois em muitos casos era ela um importante acessório do regime que os revolucionários queriam derrubar. Em conseqüência, deu-se uma investida sem precedentes contra edifícios religiosos, clérigos e fiéis.

Com o colapso daquelas ideologias e a recuperação de muitas religiões em várias partes do mundo, tem ocorrido um grande aumento da violência, dos ataques e das guerras de motivação religiosa.

O marxismo afirmava que, com o advento do socialismo e do comunismo, "a religião definharia e morreria". Na realidade, aconteceu o inverso: foram as ideologias que definharam, ainda que ao custo de dezenas de milhões de vidas. A religião sobreviveu e constituiu muitas vezes a inspiração para os movimentos de resistência que ajudaram a derrubar as ideologias.

Da Igreja Católica na Polônia aos budistas no Camboja, passando pelos muçulmanos na Ásia central e pelos luteranos na Alemanha Oriental, ela permaneceu depois que os regimes coercitivos se foram.

Em muitos países, embora não tenha mais o mesmo papel que tinha antes de perseguições e mudanças sociais tão vastas, a religião voltou ao centro do palco para tentar desempenhar de novo seu papel na construção e manutenção de nações, povos e culturas.


Fonte:http://www.portasabertas.org.br/

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A igreja que mata Jesus


A igreja que mata Jesus

Os religiosos tem ao longo da história tentando provar que Jesus morreu nas mãos dos romanos com a aprovação dos judeus ,certo ?
Claro que sim, e assim se põem um ponto final em tudo ,e agora ,já que Ele ressuscitou .é só alegria!!como Pilatos ,Lavamos as mãos,
Ledo engano ,na verdade quem matou Jesus ,foi a RELIGIÃO , se você morre por sua religião , você matou Jesus.
Outro dia alguém falava em uma igreja que se Jesus estivesse hoje neste mundo ,seria morto por condenar o roubo ,o aborto ,a prostituição,o homossexualismo ,etc..
Mais o evangelho nos mostra uma realidade diferente da que a religião grita aos quatro cantos.Jesus em sua peregrinação de pouco mais de três anos salvou justamente aqueles que eram motivos de escárnio aos mestres do templo.Foram prostitutas se jogando aos seus pés, cobradores de impostos que devolviam seu roubo 3 vezes mais ,pecadores que o recebiam em suas casas , e assim todos os excluídos pela religião ,de bom grado recebiam Jesus e sua salvação.
Por outro lado,quem foram os condenados por Jesus ?
Todos que quiseram defender sua religião! Aqueles que gostavam de orar em praça pública para todos verem,que gostavam de cobrar o dízimo da pobre viúva ,que adoravam tomar os primeiros lugares nas sinagogas ,vestir as vestes talares para apresentarem uma santidade suprema , que amavam mais o templo e sua riqueza do que Deus ,aqueles que colocavam a lei acima da graça ,o título acima da humildade....Esses donos da religião mataram Jesus,
Vejo que se hoje Jesus se manifestasse em gloria neste mundo, os católicos, crentes, adventistas, universais, prontamente ecoariam no mundo o grito de crucifica-o!!
Pois qual crente iria suportar um Jesus que bebesse cerveja, se deixasse lavar os pés por uma lésbica, entrasse comer e beber na casa de um traficante ,e por cima não freqüentasse todos os cultos semanais ?
Um Jesus desses merece morrer!!
E se Ele entrasse em uma de nossas assembléias de Deus ,Brasil para Cristo ,lagoinhas ,ou qualquer evento góspel e chicoteasse a Ana Paula Valadão ,a Cassiane ,etc,quebrasse seus cds ,dvds ,ou entrasse em um templo católico e quebrasse as imagens...
No outro dia as rádios evangélicas, tvs católicas,revistas e paginas da web das igrejas estamparia para todos verem a seguinte frase:
Este Jesus tem que morrer crucifica-o!!
Qual católico iria suportar um enviado de Deus que desprezasse os santos do templo ,tivesse a ousadia de falar contra o vaticano e ainda chamasse os padres de raça de víboras ?
Assim, o Jesus visto pela religião de hoje tem que morrer!!!
Oque você faria se hoje Jesus deixasse de cumprir a escala de sua igreja para jantar com beberrões e comilões ,desprezasse sua agenda eclesiástica porque o homem é melhor que o sábado ,a segunda ,o culto de oração etc.

Amados , pensem nisso antes que seja tarde demais e ele volte de verdade!!