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terça-feira, 6 de maio de 2008

João Calvino




João Calvino ( 1509 - 1564 )


João Calvino (Noyon, 10 de Julho de 1509 — Genebra, 27 de Maio de 1564) foi um teólogo cristão francês. Calvino fundou o Calvinismo, uma forma de Protestantismo , durante a Reforma Protestante. Esta variante do Protestantismo viria a ser bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os Afrikaners), Inglaterra, Escócia e Estados Unidos da América.

Nascido na Picardia, ao norte da França, foi batizado com o nome de Jean Cauvin. A tradução do apelido de família "Cauvin" para o latim Calvinus deu a origem ao nome "Calvin", pelo qual se tornou conhecido.

Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja católica, este intelectual começou a ser visto, gradualmente, como a voz do movimento protestante, pregando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre". Vítima das perseguições aos protestantes na França, fugiu para Genebra em 1536, onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo Europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça.

Martinho Lutero escreveu as suas 95 teses em 1517, quando Calvino tinha 8 anos de idade. Para muitos, Calvino terá sido para a língua francesa aquilo que Lutero foi para a língua alemã - uma figura quase paternal. Lutero era dotado de uma retórica mais direta, por vezes grosseira, enquanto que Calvino tinha um estilo de pensamento mais refinado e geométrico, quase de filigrana. Citando Bernard Cottret , biógrafo (francês) de Calvino: "Quando se observa estes dois homens podia-se dizer que cada um deles se insere já num imaginário nacional: Lutero o defensor das liberdades germânicas, o qual se dirige com palavras arrojadas aos senhores feudais da nação alemã; Calvino, o filósofo pré-cartesiano, percursor da língua francesa, de uma severidade clássica, que se identifica pela clareza do estilo".


Algo mais sobre João Calvino


O Calvinismo cristalizou a Reforma. Lutero e Zuínglio tinham modificado radicalmente a antiga religião, mas, para além do vigoroso realce dado à Palavra de Deus, as crenças reformadas careciam duma autoridade precisa, duma direção organizada e duma filosofia lógica. João Calvino deu-lhes tudo isso e mais ainda. Ele foi um daqueles raros caracteres em que o pensamento e a ação se conjugam e que, se chegam a deixar marca, gravam-na profundamente na história. A influência que ele exerceu desde a cidade de Genebra, que praticamente governou a partir de 1541 até à sua morte, em 1564, espalhou-se pela Europa inteira e mais tarde pela América.

Calvino nasceu na França, a 10 de julho de 1509, em Noiyon, onde seu pai era notário apostólico e delegado fiscal. O pai era um respeitável membro da classe média, que esperava que o seu segundo filho, João, seguisse a carreira eclesiástica; mas os seus antepassados mais remotos tinham sido barqueiros em Pont-l'Evêque, no rio Oise. João Calvino estudou teologia, e depois direito, nas Universidades de Paris, Orleães e Bourges.

É incerto quando e como tenha Calvino abandonado a fé dos seus maiores. Mais tarde ele escreveu: Deus sujeitou-me o coração à docilidade através duma conversão repentina. Sem dúvida que os seus interesses se foram desviando dos clássicos e das leis para o estudo dos Pais da Igreja, e das Escrituras. As influências primordiais foram provavelmente as do Novo Testamento grego de Erasmo e dos sermões de Lutero. O Testamento grego revelou-lhe até que ponto a doutrina da Igreja se tinha afastado da narração evangélica. Os escritos de Lutero faziam realçar aquela idéia que germinava agora na sua própria mente e que iria influenciar dali por diante tudo o que ele fez, a de que o homem, carregado de culpas, apresentando-se coberto de pecados perante o Deus perfeitamente bom, somente pode salvar-se pela sua fé absoluta e sem restrições na misericórdia divina.

Calvino passou a escrever a obra que veio a ser o livro texto da Reforma Protestante, a sua Instituição da Religião Cristã, que continha as idéias fundamentais em que assentava o Calvinismo. Ao cabo de 23 anos da sua primeira publicação - 1536 - os seus seis capítulos originais tinham aumentado para oitenta, mas as idéias não tinham sofrido modificações sensíveis. Talvez que nenhum livro publicado no século XVI tenha produzido efeitos de tão largo alcance.

Quais eram os fundamentos da sua crença? Tal como Lutero e Zuínglio, a Bíblia, a inspirada Palavra de Deus, constitui a base final de todas as suas idéias. "Tal como sucede com os velhos, e os que sofrem de oftalmias, e todos os que têm má visão, que, se lhes pusermos diante nem que seja o mais belo livro, embora eles reconheçam que ali está escrita alguma coisa, mal conseguem juntar duas palavras, mas, se forem ajudados mediante a interposição de óculos, começarão a ler indistintamente, assim também a Escritura, reunindo todo o conhecimento de Deus na nossa mente, doutro modo confusa, dispersa as trevas e mostra-nos claramente o verdadeiro Deus." Embora Calvino admitisse que a Escritura era totalmente isenta de erro humano, salientou que "as Escrituras são a escola do Espírito Santo, onde nada é omitido que seja necessário e útil conhecer, e nada é ensinado, exceto aquilo que seja vantajoso saber"; e sustentou que o Antigo Testamento era tão valioso quanto o Novo. "Ninguém pode receber sequer a mínima parcela de reta e sã doutrina se não passar a ser um discípulo das Escrituras e não as interpretar guiado pelo Espírito Santo."

É óbvio que a Igreja e o Estado devem ambos derivar a sua autoridade da Escritura. Calvino distinguia, como outros fizeram, entre a Igreja visível e a invisível. A segunda era formada por todos os que estavam predestinados à salvação. Afirmamos, escreveu ele na Instituição, que por decreto eterno e imutável Deus já determinou de uma vez por todas quem Ele admitirá à salvação e quem Ele admitirá à destruição. Confirmamos que esse decreto, pelo que respeita aos eleitos, fundamenta-se no Seu decreto desinteressado, totalmente independente dos méritos humanos; mas para aqueles que ele destina à condenação as portas da vida ficam fechadas por um julgamento justo e perfeito. A teoria da predestinação de Calvino nasceu da sua crença na presciência absoluta de Deus, e da firma convicção, robustecida pelas suas leituras de São Paulo e Santo Agostinho, de que o homem é incapaz de se salvar pelas suas próprias ações; somente pode ser salvo pela imerecida graça de Deus, livremente concedida. Mas, se a Igreja é o grêmio dos predestinados ou eleitos, ela deve necessitar de alguma expressão visível, ainda mesmo que imperfeita.

A autoridade da Igreja é puramente religiosa, assim como a autoridade do Estado é puramente política. Calvino atribuiu uma autoridade de origem divina e chamou aos magistrados os ministros da justiça divina. Enquanto a Igreja lida com a vida da alma ou do homem interior, os magistrados ocupam-se em estabelecer a justiça, civil e exterior, da moralidade. Idealmente, o Estado não deve interferir com a Igreja, embora deva fazer tudo aquilo que puder para ajudá-la, mas Igreja também não deve interferir no Estado.

Os Regulamentos Eclesiásticos de Calvino estabeleciam como devia ser governada e Igreja. Esta tinha 2 instituições dirigentes, o Venerável Ministério e o Consistório. O primeiro, formado pelos pastores, examinava os que se sentiam vocacionados para a ordenação, apresentando depois ao Conselho para a aprovação aqueles a quem tinha escolhido; escutava os sermões sobre a doutrina, e agia como censor moral. O Consistório, um conselho de seis ministros e doze anciãos escolhidos entre os membros dos três conselhos governativos, era de todos os instrumentos de governo de Calvino o de maior significado. Em teoria era um tribunal da moral, mas a moralidade em Genebra não tinha limites; o Consistório tomava conhecimento de todas as formas de atividade, lidando com os vícios mais graves e com as infrações mais banais. A sua disciplina era severa e mantida por meio da excomunhão; as sentenças que proferia eram muitas vezes rigorosas, mas não o eram invariavelmente. O adultério, o jogo, as pragas, a bebida, o dormir na altura dos sermões e todas as práticas suscetíveis de poderem ser consideradas católicas, tudo isso caía sob a sua alçada.

Genebra tornou-se a central do mundo protestante. Refugiados protestantes de toda a Europa encontraram refrigério e ensino adentro das suas fronteiras, dando rapidamente uma feição acentuadamente cosmopolita à cidade. O ensino calvinista floresceu na sua universidade e na Academia fundada por Calvino em 1559. A literatura impressa em Genebra inundou a Europa, quer através do mercado livre, quer vendida por colporteurs clandestinos; os livros e folhetos eram de formato especial para se poderem transportar sem serem descobertos.

Quando em 1564 Calvino morreu, pôde no mínimo repousar com o seguro conhecimento de ter criado um dos mais importantes movimentos religiosos e políticos da história mundial.

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